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Agência da ONU acusa Exército israelense de torturar seus funcionários

Os próprios membros da equipe expuseram que esses maus-tratos incluíam espancamentos físicos severos e um procedimento semelhante a um afogamento simulado, resultando em lesões físicas extremas.
Agência da ONU acusa Exército israelense de torturar seus funcionáriosGettyimages.ru / Ashraf Amra/Anadolu

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) acusou as Forças de Defesa de Israel (FDI) de usar tortura, ameaças e coerção para extrair falsas confissões de seus funcionários, detidos em Israel, sobre suas supostas ligações com o Hamas. A alegação está contida em um relatório intitulado 'Detenção e supostos maus-tratos de detentos de Gaza durante a guerra Israel-Hamas', publicado na terça-feira pela UNRWA.

Abuso e maus-tratos

O documento afirma que os funcionários da agência foram maltratados e abusados por interrogadores que trabalhavam com o Exército israelense, apesar do fato de estarem desempenhando suas funções oficiais na agência. Os próprios membros da equipe disseram que esses abusos incluíam espancamentos severos e um procedimento semelhante ao afogamento, o que resultou em lesões físicas extremas.

Além disso, alegaram que foram espancados por médicos que trabalhavam com o Exército quando foram encaminhados para suposta assistência médica. Tembém, revelaram que foram expostos a ataques de cães, abuso verbal e psicológico.

Os funcionários da UNRWA afirmam que, enquanto eram mantidos sob a mira de uma arma, recebiam vários tipos de ameaças, inclusive ameaças de estupro e eletrocussão; de assassinato, ferimento ou dano a membros da família; tratamento humilhante e degradante; ser forçados a se despir e fotografados nus; e ser forçados a manter posições de estresse.

Reclamações e silêncio

Segundo o relatório, mais de 1.506 detentos da Faixa de Gaza foram libertados da custódia das FDI após o interrogatório, incluindo 23 membros da equipe da UNRWA e 16 familiares de seus funcionários. A agência da ONU observa que fez representações oficiais às autoridades israelenses sobre o tratamento de seus funcionários nos centros de detenção israelenses, mas não recebeu nenhuma resposta até o momento.

O Estado judeu alega que alguns dos funcionários da agência, que somavam 13.000 empregados no enclave no início da última escalada de violência, estão envolvidos em colaboração com o Hamas e a Jihad Islâmica, e até mesmo os acusa de envolvimento no ataque de 7 de outubro, embora nenhuma prova tenha sido apresentada. Após essa acusação israelense, vários países e instituições suspenderam o financiamento da agência.