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Lula anuncia aporte brasileiro para UNRWA e chama de "covardia" a suspensão de aportes dos países ricos

Presidente brasileiro criticou a "reação desproporcional e indiscrimanda de Israel" aos ataques de Hamas em outubro.
Lula anuncia aporte brasileiro para UNRWA e chama de "covardia" a suspensão de aportes dos países ricosGettyimages.ru / Dawoud Abo Alkas/Anadolu

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou nesta quinta-feira de "desumanidade e covardia" contra o povo palestino a decisão de "países ricos" de cortar fundos para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), e anunciou que o Brasil fará uma nova doação à organização.

"O governo federal fará novo aporte de recursos para a UNRWA. Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições", disse o presidente em discurso na sede da Liga Árabe, no Cairo, Egito.

"No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária à agência da ONU para refugiados palestinos. As recentes denúncias contra funcionários da agência precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la [...] É preciso pôr fim a essa desumanidade e covardia", disse Lula.

Israel acusou 12 funcionários da agência da ONU de terem participado dos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro. A inteligência israelense apontou 190 funcionários da agência de ligações com o grupo militante.

As acusações levaram os 10 principais doadores a suspenderem recursos para a UNRWA. A falta de dinheiro pode suspender toda sua operação no final deste mês, segundo seus dirigentes.

"Um dos mais trágicos episódios"

Lula ainda criticou a "reação desproporcional e indiscrimanda de Israel" aos ataques de Hamas em outubro. "É inadmissível e constitui um dos mais trágicos episódios desse longo conflito".

"Em Gaza, há quase 30 mil vítimas fatais, na maioria crianças, idosos e mulheres. 80% da população foi forçada a deixar suas casas", lamentou.

Segundo o mandatário brasileiro, a situação na Cisjordânia "está se tornando insustentável" e os efeitos do conflito prolongado em Gaza levam a cenários "imprevisíveis e catastróficos muito além do Oriente Médio".

"Não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino"

Ao mesmo tempo, Lula reiterou que o Brasil mantém sua defesa da existência de um Estado palestino soberano e sua admissão como membro pleno da ONU.

"Não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital", defendeu.