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Mais soldados ucranianos desertaram em 2024 do que durante todo o conflito
Promotores ucranianos abriram 60.000 processos entre janeiro e outubro deste ano contra militares que abandonaram suas posições, informa o Financial Times.
Nos primeiros dez meses de 2024, mais soldados desertaram das Forças Armadas ucranianas do que durante todo o conflito, informou o Financial Times neste domingo.
Como exemplo para ilustrar o problema, o jornal aponta que centenas de soldados de uma brigada abandonaram suas posições na cidade de Ugledar, reclamando da falta de armas e de treinamento adequado. A cidade foi liberada pelas tropas russas em outubro deste ano.
O Financial Times informa que os recrutas estão tentando tirar proveito dos programas de treinamento no exterior para desertar. Uma autoridade de segurança polonesa afirmou, sob condição de anonimato, que cerca de uma dúzia de pessoas fogem todos os meses durante o treinamento militar na Polônia.
Diversos militares ucranianos relataram ao jornal que se sentem exaustos e têm problemas de saúde mental. Além disso, a situação é agravada pela falta de rotação necessária das tropas. Um membro do Estado-Maior ucraniano enfatizou que a maioria dos casos de deserção se deve à fadiga do combatente.
Nesse contexto, os promotores ucranianos abriram 60.000 processos entre janeiro e outubro de 2024 contra militares que abandonaram suas posições. Esse número representa um aumento de quase duas vezes em comparação com 2022 e 2023 combinados. O Financial Times observa que, se confirmada a culpa, os réus podem ser condenados a até 12 anos de prisão.
Mobilização forçada
Nos últimos meses inúmeros são os relatos de mobilização forçada de homens na Ucrânia. Circulam fotos e vídeos de comissários militares capturando à força quem potencialmente pode servir como soldados, agarrando-os pelos braços e pés na rua, e arrastando-os para fora do transporte público ou de suas casas.
Para compensar as baixas na frente de batalha, Zelensky assinou um projeto de lei em abril que reduz a idade de alistamento de 27 para 25 anos, amplia os poderes dos oficiais de alistamento, além de introduzir penalidades para os que fogem do alistamento.
A maioria dos homens com idade entre 18 e 60 anos não pode deixar o país, e Kiev proibiu serviços consulares para ucranianos em idade de alistamento que estejam no exterior.
