![Celso Amorim e Sergey Lavrov discutem crise ucraniana em Moscou](https://mf.b37mrtl.ru/brmedia/images/2024.04/thumbnail/66282165f38932927f01c178.jpg)
"Não há ninguém com quem conversar": Lavrov sobre as negociações entre o Ocidente, a Ucrânia e a Rússia
!["Não há ninguém com quem conversar": Lavrov sobre as negociações entre o Ocidente, a Ucrânia e a Rússia](https://mf.b37mrtl.ru/brmedia/images/2024.05/thumbnail/6638226a10d23c4e2f09c817.jpg)
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou neste domingo que Moscou não participará da conferência que os países ocidentais planejam organizar na Suíça para tentar resolver a crise ucraniana, ou em qualquer outro evento em que a 'fórmula de paz' de Vladimir Zelensky seja promovida.
"Ainda não há ninguém com quem conversar", comentou o chanceler russo. "Nenhum deles [os líderes ucranianos, norte-americanos e europeus] está pronto para uma conversa séria. Eles estão 'brincando' com uma paródia de negociações na forma de uma reunião na Suíça", afirmou.
![Celso Amorim e Sergey Lavrov discutem crise ucraniana em Moscou](https://mf.b37mrtl.ru/brmedia/images/2024.04/thumbnail/66282165f38932927f01c178.jpg)
Lavrov explicou durante uma entrevista que, apesar das alegações de que essa será "uma nova iniciativa dedicada ao desenvolvimento de abordagens universalmente aceitáveis, isso não é verdade". O chanceler russo revelou que seu homólogo suíço, Ignazio Cassis, já havia lhe "contado sobre esse plano" no final de janeiro.
"A Suíça não é mais um Estado neutro"
Nesse sentido, o ministro russo afirmo que intentou "'colocá-lo com os pés no chão' e lhe expliquei que ninguém poderá se desviar da 'fórmula' de Zelensky", que implica "a capitulação da Rússia, o pagamento de reparações, um tribunal sobre os líderes russos e muito mais".
"Cassis afirmou que estamos cometendo um erro. Que a Suíça, como um país neutro, fará tudo o que puder para garantir que a conversa seja baseada no realismo. Mas a Confederação Suíça não é mais um Estado neutro. Ela está na vanguarda daqueles que apóiam e armam o regime de Kiev. Assume a posição mais dura em relação à Rússia, inclusive quando se trata da introdução de novas sanções", afirmou.
Uma 'fórmula' "ilusória e russofóbica"
Lavrov ainda explicou que os organizadores da conferência na Suíça se concentraram em três áreas: segurança nuclear, segurança alimentar no contexto da navegação marítima e questões humanitárias. "Isso não muda nada", enfatizou.
"Essas três questões estão presentes na 'fórmula de paz' de Zelensky para encobrir sua essência francamente ilusória e russofóbica", apontou Lavrov, ressaltando que tanto o presidente ucraniano quanto sua equipe declararam que "sob nenhuma circunstância a Rússia deveria ser convidada para essa conferência". O motivo baseia-se em seu objetivo de primeiro enfeitiçar os países do Sul Global em um círculo mais íntimo e "arrastá-los para uma plataforma comum, que será apresentada à Rússia como um ultimato", comentou.
A Rússia está aberta ao diálogo
"Quando nossos colegas suíços declaram o desejo de convidar a Rússia para a primeira conferência, não estão dizendo a verdade. Não participaremos de nenhum evento que, de uma ou outra forma, promova a 'fórmula de paz' de Zelensky. Todos sabem disso há muito tempo. Estamos seriamente abertos a negociações baseadas na realidade", disse o ministro russo, ressaltando que sua declaração foi baseada em fatos.
A esse respeito, o chanceler lembrou que Moscou abordou a iniciativa de paz chinesa; reuniu-se duas vezes em 2023 com delegações africanas lideradas pelo presidente sul-africano Cyril Ramaphosa; e manteve conversas com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e seus assessores.
"Há declarações diárias de que nos recusamos a negociar. Eles dizem que querem negociar, mas a Rússia se recusa. Isso não é justo. Embora não esperemos mais honestidade e decência de nossos parceiros ocidentais", concluiu Lavrov.