Putin: Rússia está pronta para negociar com a Ucrânia, mas "sem imposição de esquemas"

Moscou é a favor da resolução do conflito armado na Ucrânia por meio de negociações, "mas não no formato de imposição de esquemas que não têm nada a ver com a realidade", disse Vladimir Putin na quinta-feira durante uma reunião com seu colega bielorrusso, Alexander Lukashenko, na capital russa.

Putin lembrou que a Rússia não foi convidada para a conferência que os países ocidentais planejam organizar na Suíça na tentativa de resolver a crise ucraniana, mas ao mesmo tempo reconhecem que "é impossível resolver qualquer coisa" sem Moscou. "Eles não nos convidam, mas dizem que nos recusamos [a realizar negociações]", resumiu ironicamente o líder.

Eles se encurralaram

"Acho que eles, pelo menos o outro lado, até certo ponto se encurralaram quando se recusaram a negociar, apostando em derrotar a Rússia no campo de batalha, infligindo uma derrota estratégica à Rússia. Agora eles percebem que isso é impossível", disse ele.

"Nunca nos recusamos a resolver disputas pacificamente; na verdade, tendemos a fazer exatamente isso. Não fomos nós que começamos essa guerra em 2014, tudo começou com o golpe na Ucrânia", disse o presidente russo, acrescentando que as negociações que ocorreram há algum tempo na Turquia praticamente culminaram em um acordo.

"Sob pressão do Ocidente, a Ucrânia negou esses acordos", resumiu.

Por sua vez, o presidente de Belarus disse acreditar que "não está longe o momento em que a Ucrânia mudará de ideia", ao que Putin respondeu: "Deixe que eles decidam por si mesmos".

Kremlin considera o ataque à usina nuclear de Zaporozhye uma "provocação muito perigosa"

O líder russo qualificou como "absurdas" as declarações sugerindo que a Rússia planeja atacar os países ocidentais.

"As elites [ocidentais] precisam de tais declarações para "justificar seus gastos com a guerra na Ucrânia", disse Putin.

Ataques contra o setor energético

O chefe de Estado russo também comentou sobre os recentes ataques russos às instalações de energia ucranianas:

"Infelizmente, sofremos uma série de ataques às nossas instalações de energia e tivemos que reagir. Gostaria de enfatizar que, inclusive por razões humanitárias, não lançamos nenhum ataque durante o inverno, o que significa que não queríamos deixar instituições sociais, hospitais e assim por diante sem fornecimento de energia", explicou.

Ele enfatizou que os ataques ao setor energético ucraniano, em primeiro lugar, "têm um impacto direto no setor de defesa", o que corresponde a uma das tarefas que a Rússia se propôs desde o início, ou seja, a "desmilitarização" da Ucrânia.

"Mas se avançarmos para algum tipo de conversa, para a resolução de todas as questões por outros meios... bem, é claro, como eu já disse muitas vezes, estamos prontos para isso", ressaltou o presidente.