
Como poderíamos desviar o asteroide que ameaça colidir com a Terra?

As chances de o asteroide 2024 YR4 (também conhecido como "assassino de cidades") atingir a Terra em 22 de dezembro de 2032 aumentaram para 3,1% na terça-feira (18), a maior porcentagem já registrada em mais de duas décadas de vigilância de objetos celestes.

Apesar da probabilidade cada vez maior de uma colisão, especialistas afirmam que não há motivo para pânico. "No momento não há perigo", assegura Richard Moissl, chefe do escritório de defesa planetária da Agência Espacial Europeia (ESA).
Bruce Betts, da organização Planetary Society, explica que, na medida em que os astrônomos realizam mais observações e obtêm mais dados sobre a órbita do asteroide, a previsão deverá aumentar um pouco antes de cair rapidamente para zero.
Moissl, por sua vez, enfatiza que mesmo que as chances de colisão aumentassem para 100%, a humanidade não estaria indefesa, pois existem diferentes estratégias que poderiam ser implementadas para desviar ou destruir o corpo rochoso que tem entre 40 e 90 metros de diâmetro.
O envio de espaçonaves
De acordo com Betts, várias sondas poderiam ser lançadas para impactar 2024 YR4 com o objetivo de mudar sua trajetória. No entando, Moissl ressalta que a destruição parcial do asteroide por esses dispositivos poderia criar fragmentos que atingiriam a Terra.
Outro plano poderia contemplar o uso de uma estratégia conhecida como "trator gravitacional", em que uma espaçonave de alta massa puxa o objeto rochoso para longe da Terra por meio de sua atração gravitacional. Uma espaçonave com propulsores de "fluxo iônico constante" também poderia ser colocada perto do asteroide para alterar o seu curso, acrescenta Moissl.
Também se considera a possibilidade de pintar um lado do asteroide com algum material de coloração branca. O objetivo deste método, que pode parecer estranho, é de aumentar a reflexibilidade do asteroide, o que faria com que sua trajetória se alterasse lentamente.
Todas essas abordagens têm algo em comum: o fato de que todas elas seriam adotadas antes de que seja necessário recorrer a opções mais drásticas.
Bomba nuclear?
Outra possibilidade seria detonar uma bomba nuclear perto do asteroide. Essa teoria foi testada no ano passado por pesquisadores dos EUA que usaram uma réplica de asteroide do tamanho de uma bola de gude em uma simulação de pequena escala realizada em laboratório. Foi observado que os raios X da explosão nuclear vaporizaram a superfície das amostras antes de acelerá-las a cerca de 70 metros por segundo, o que em teoria demonstra que o asteroide poderia ter sua rota deslocada para outra direção.
Entretanto, a detonação de uma bomba nuclear também poderia fragmentar o corpo celeste em milhares de pedaços, o que representa um grande perigo ao nosso planeta. Para evitar isso, uma alternativa seria direcionar feixes de laser em um dos lados do 2024 YR4 e, assim, afastá-lo da Terra.
E se tudo isso falhar?
Caso nenhuma das alternativas citadas funcione, ainda podemos tomar conhecimento do local de impacto do asteroide e, caso seja em uma zona povoada, evacuá-lo; afinal de contas, trata-se de um "assassino de cidades", não de planetas.
"Sete anos e meio é bastante tempo para nos prepararmos", disse Moissl, que enfatiza haver 97% de chance de que 2024 YR4 não atinja a Terra.