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Primeiro-ministro eslovaco: vários países da OTAN e da UE avaliam enviar tropas para Ucrânia

Robert Fico adverte que isso levará a "uma enorme escalada de tensões".
Primeiro-ministro eslovaco: vários países da OTAN e da UE avaliam enviar tropas para UcrâniaGettyimages.ru / Thierry Monasse

O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, declarou nesta segunda-feira que vários países membros da OTAN e da União Europeia (UE) "estão considerando" o envio de tropas para a Ucrânia "em uma base bilateral".

"Um grupo de estados membros da União Europeia e da Otan estão a ponderar enviar o seu pessoal militar para a Ucrânia com base em acordos bilaterais", disse Fico antes do encontro dos líderes dos dois blocos, que será realizado em Paris, França.

"Não posso dizer com que finalidade [as tropas seriam enviadas] e o que elas teriam que fazer lá", disse Fico, alertando que o objetivo de "exercer alguma pressão" sobre o presidente russo Vladimir Putin, que é buscado com essa medida, "não será cumprido" e só provocará "uma enorme escalada de tensões".

Além disso, advertiu que a presença de tropas estrangeiras criaria "riscos de segurança" para seu país porque "elas serão de interesse das Forças Armadas russas". "Como nossos interesses serão protegidos se não tivermos um sistema de defesa antitanque?", disse o primeiro-ministro, observando que agora eles têm apenas uma bateria antimísseis italiana SAMP/T "de baixa potência", depois que os EUA retiraram o sistema Patriot que haviam implantado em troca dos sistemas de defesa aérea S-300 que Bratislava entregou a Kiev.

Nesse contexto, Fico garantiu que seu país não enviará suas forças para a zona de conflito. "Nenhum soldado da Eslováquia irá para a Ucrânia", afirmou, observando que Bratislava está pronta para ajudar Kiev "em termos de desescalada", como a desminagem de territórios.

"Não há uma palavra sobre paz"

Fico ainda criticou os estados europeus e da NATO de que a palavra "paz" não é mencionada nas teses das negociações, descrevendo as negociações em Paris como uma reunião de "combate". 

"Para mim, a reunião de hoje é uma confirmação de que a estratégia do Ocidente falhou completamente no que diz respeito à Ucrânia", disse, acrescentando que considera "chocante" o fato de que "não há uma palavra sobre paz" nos tópicos a serem discutidos na reunião. "Não há uma palavra 'vamos negociar'. É só guerra, guerra, guerra e guerra", observou.

A esse respeito, o especialista José Antonio Egido comentou que a recusa da Eslováquia em enviar tropas para a Ucrânia reflete a posição de muitos cidadãos europeus.

  • O gabinete presidencial francês disse no domingo que a reunião a ser realizada no Palácio do Eliseu buscará "examinar todos os meios de apoiar efetivamente a Ucrânia", segundo com a AFP.