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"O dia após o Hamas": Netanyahu apresenta plano pós-guerra para Gaza

O documento inclui o desmantelamento de grupos do Hamas e da Jihad Islâmica, bem como tomar o controle total da região.
"O dia após o Hamas": Netanyahu apresenta plano pós-guerra para GazaGettyimages.ru

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apresentou seu primeiro plano oficial intitulado 'O dia após Hamas' para a Faixa de Gaza assim que a guerra terminar, reiterando que Israel manterá o controle de segurança sobre as áreas palestinas e tornará a reconstrução dependente da desmilitarização.

O documento, que foi apresentado aos membros do seu gabinete de segurança na quinta-feira, descreve uma série de posições israelenses bem estabelecidas, sublinhando a resistência de Netanyahu à criação de um Estado palestino, que segundo ele representa uma ameaça à segurança.

Em curto prazo, as Forças de Defesa de Israel (FDI) "continuarão a guerra até a completa destruição das capacidades militares e da infraestrutura governamental do Hamas e da Jihad Islâmica", e até que os 134 reféns israelenses ainda mantidos em Gaza sejam libertados e a Faixa nunca mais represente uma ameaça à segurança do Estado judeu.

Além disso, prevê a instalação de uma nova administração local dirigida por habitantes locais "que não estão ligados a países ou entidades que 'apoiam o terrorismo'". 

Liberdade operacional sobre Gaza

Em médio prazo, o plano também concede ao Exército israelense "liberdade de ação operacional indefinida" em toda a Faixa de Gaza. "Haverá uma desmilitarização completa na Faixa de Gaza de qualquer capacidade militar, além do que é necessário para as necessidades de lei e ordem", disse. 

Da mesma forma, também sugeriu a manutenção de um "bloqueio ao sul" da fronteira entre Gaza e Egito, incluindo a passagem de Rafah, — a única extensão de terra não controlada por Israel — para evitar o fluxo de qualquer contrabando para o enclave, enfatizando que o perímetro deve ser monitorado em cooperação com as autoridades egípcias e norte-americanas.

Paralelamente, as FDI darão poder a "autoridades locais" não ligadas ao Hamas para governar áreas de Gaza. O objetivo é que os líderes comunitários gerenciem o recebimento e a distribuição da ajuda humanitária, enquanto as forças de segurança impedirão que outros atores interfiram nesse processo.

O plano também menciona a promoção de "um programa abrangente de desradicalização para todas as instituições religiosas, educacionais e de bem-estar na Faixa de Gaza". Isso seria feito, na medida do possível, com a "participação e assistência de países árabes que têm experiência na promoção da desradicalização em seus territórios".

Negociações sem palestinos

O plano de Netanyahu não tinha detalhes de longo prazo. Ele indicava que a melhor maneira de determinar o futuro de Gaza era por meio de negociações, mas não especificava com quem Israel negociaria. No entanto, confirma a decisão das autoridades hebraicas de rejeitar um acordo permanente com os palestinos.

"Israel continuará a se opor ao reconhecimento unilateral de um Estado palestino. Esse reconhecimento, na esteira do massacre de 7 de outubro, daria uma enorme recompensa ao terrorismo sem precedentes e impediria qualquer acordo de paz futuro", conclui o documento.

Reocupação da Faixa de Gaza

O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina rejeitou rapidamente o plano de Netanyahu.

"Rejeitamos veementemente o que a mídia israelense chamou de 'princípios de Netanyahu para a Gaza do pós-guerra'", disse o comunicado, citado pela agência IRNA.

Segundo a pasta, o plano do primeiro-ministro de Israel equivale ao reconhecimento oficial da reocupação da Faixa de Gaza e à imposição do controlo israelense sobre ela.