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Lula diz que vai aguardar investigação sobre morte de Navalny e é criticado pela imprensa

"Eu compreendo os interesses de quem acusa imediatamente, mas não é o meu mote", disse o presidente.
Lula diz que vai aguardar investigação sobre morte de Navalny e é criticado pela imprensaGettyimages.ru / Carsten Koall / Stringer / Anadolu

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicou, durante conferência de imprensa no sábado, que o Governo brasileiro não se manifestou sobre a morte do ex-ativista político Aleksei Navalny "por uma questão de bom senso", uma vez que vai aguardar pelas investigações periciais. 

O cidadão morreu em uma prisão. Eu não sei se ele estava doente, se ele teve algum problema. (...) Tem que fazer a perícia, para depois saber. Porque se não, é banalizar uma acusação.

Lula apontou ainda para possíveis interesses por parte daqueles que, mesmo sem nenhuma prova, responsabilizam o Kremlin pela morte do ex-ativista político. "Eu compreendo os interesses de quem acusa imediatamente, mas não é o meu mote", disse.

O mandatário respondia a uma pergunta do jornalista Américo Martins, da licenciada brasileira do veículo norte-americano CNN. Martins indagou porque o Governo brasileiro, diferentemente de outros países, ainda não havia se posicionado sobre a morte de Navalny. 

Alguns líderes ocidentais foram rápidos em sugerir que a Rússia é responsável pela morte. O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que embora "não saibamos exatamente o que aconteceu... não há dúvida de que a morte de Navalny foi consequência de algo que [o presidente russo Vladimir] Putin e seus capangas fizeram". Vladimir Zelensky, presidente ucraniano, fez declarações similares.

A imprensa brasileira condenou enfaticamente o mandatário brasileiro por esperar pelo parecer dos médicos legistas. 

Oliver Stuenkel, analista internacional que frequentemente colabora com a GloboNews, designou a cautela como um "comentário indefensável", que configura "um momento vergonhoso para a diplomacia brasileira".

Demétrio Magnoli, jornalista da emissora, por sua vez, referiu-se à morte de Navalny como um "assassinato", e acusou o presidente Lula de relativizar a questão dos direitos humanos.