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"Não há esperança de que a Rússia seja derrotada de alguma forma": Lavrov fala sobre o rumo do país em 2024

O ministro das Relações Exteriores da Rússia denunciou que "o Ocidente está fazendo todo o possível para agravar a crise ucraniana".
"Não há esperança de que a Rússia seja derrotada de alguma forma": Lavrov fala sobre o rumo do país em 2024AP / Alexander Zemlianichenko

O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, realizou uma coletiva de imprensa na quinta-feira sobre os resultados da diplomacia russa em 2023 e a direção do país eurasiano em 2024. Ele também abordou uma série de questões da agenda internacional.

O ministro das Relações Exteriores enfatizou que o objetivo de Moscou este ano é livrar-se de toda a dependência do Ocidente na economia e nas cadeias de suprimentos. "Os objetivos são claros: livrar-se de qualquer necessidade de depender dessas cadeias de suprimentos, financeiras, bancárias e logísticas que são de alguma forma controladas ou fortemente influenciadas por nossos colegas ocidentais", disse ele.

Enquanto isso, de acordo com Lavrov, "a vida está avançando, novos centros de crescimento econômico, poder financeiro e influência política estão surgindo e já se consolidaram, centros que estão significativamente à frente dos EUA e de outros países ocidentais em seu desenvolvimento". Nesse sentido, ele destacou que os BRICS simbolizam um mundo multipolar e que agora mais de 30 países estão interessados em se juntar ao bloco, razão pela qual essa associação tem um grande futuro.

Ao mesmo tempo, o ministro indicou que os laços da Rússia com vários países atingiram um novo nível, mencionando a China, a Índia e os países africanos.

Ataques contra o Iêmen

Entre outras questões, o principal diplomata denunciou que ninguém autorizou ninguém a bombardear o Iêmen, referindo-se aos ataques dos EUA e do Reino Unido que começaram na semana passada contra as instalações Houthi no país árabe.

"Sem dúvida, os Estados Unidos, juntamente com os britânicos e alguns outros de seus aliados, simplesmente ultrapassaram, violaram, pisotearam todas as normas concebíveis do direito internacional", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, enfatizando que a resolução do Conselho de Segurança só pedia a proteção da navegação comercial.

Conflito ucraniano

Falando sobre a situação na Ucrânia, Lavrov disse que a Rússia "não vê o menor interesse por parte dos EUA ou da OTAN em chegar a uma solução justa para o conflito ucraniano". "Eles nem mesmo querem ouvir sobre nossas preocupações e não querem conversar seriamente sobre a eliminação das contradições fundamentais. Pelo contrário, o Ocidente está fazendo tudo o que pode para agravar a crise ucraniana", afirmou.

Ele também afirmou que a iniciativa da Ucrânia de atacar a península da Crimeia em território russo mostra que o Ocidente não quer nenhuma solução construtiva. Nesse contexto, ele argumentou que "não há esperança de que a Rússia seja derrotada de alguma forma" no conflito atual.

Além disso, quando perguntado sobre possíveis eleições presidenciais na Ucrânia este ano, Lavrov disse que os países ocidentais estão pressionando para que as eleições sejam realizadas, mas o líder do país, Vladimir Zelensky, "está cada vez mais agindo como lhe agrada".

Conflito palestino-israelense

Ao falar sobre a guerra entre o Hamas e Israel, o ministro das Relações Exteriores da Rússia enfatizou que o ponto principal do conflito no Oriente Médio deve ser a criação de um Estado palestino. "Sem a criação de um Estado palestino, a segurança de Israel não pode ser garantida", disse ele, acrescentando que "a Rússia está muito interessada em que Israel e os israelenses vivam em segurança".

"Estamos prontos para desempenhar um papel ativo na obtenção de um acordo significativo para garantir a segurança de Israel no contexto da plena implementação da resolução do Conselho de Segurança [da ONU] sobre a questão palestina", disse ele.

Diálogo com os EUA sobre estabilidade estratégica
Ao mesmo tempo, o ministro das Relações Exteriores disse que a Rússia agora não tem base para conversas com os EUA sobre estabilidade estratégica e considera as propostas dos EUA "inaceitáveis".

O alto funcionário observou que Moscou e Washington trocaram propostas escritas sobre estabilidade estratégica em dezembro, mas a Rússia continua a defender os fundamentos de suas propostas de segurança para 2021.