Zelensky: "A Ucrânia é um dos países mais democráticos da Europa"
O líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky, afirmou em uma entrevista ao jornal americano The New York Times que sua nação "é um dos países mais democráticos da Europa".
"[A Ucrânia] provou isso não com palavras, mas com força, armas e nossas vidas. Não estamos demonstrando, já havíamos demonstrado isso para o mundo inteiro", declarou.
Ele também observou que seu país é "livre", apesar do fato de que a atual lei marcial impõe uma série de proibições.
"Usurpação" do poder
Vale lembrar que o mandato de Zelensky expirou em 20 de maio, e a legitimidade de seu Governo está agora em questão. As eleições presidenciais da Ucrânia deveriam ter sido realizadas em março, conforme exigido pela Constituição, mas o lider do regime de Kiev as suspendeu com base na lei marcial e na mobilização geral do país devido ao conflito militar com a Rússia.
Ao suspender as eleições e permanecer no comando da Ucrânia, Zelensky "cuspiu na Constituição de seu país" e "usurpou" o poder, disse o ex-presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev. O presidente Vladimir Putin declarou que possíveis negociações de paz para encerrar o conflito devem ser conduzidas com um Governo ucraniano legítimo. "É claro que percebemos que a legitimidade do atual chefe de Estado acabou", acrescentou.
Mobilização forçada
Kiev declarou a lei marcial e a mobilização geral em fevereiro de 2022, submetendo homens de 27 a 60 anos ao serviço militar obrigatório, e proibindo a maioria dos homens de 18 a 60 anos de deixar o país.
Além disso, para compensar as baixas na frente de batalha, Zelensky assinou um projeto de lei em abril passado que reduz a idade de alistamento para 25 anos, amplia os poderes dos oficiais de alistamento e introduz várias penalidades para os que fogem do recrutamento.
Por sua vez, muitos ucranianos estão tentando evitar o serviço na linha de frente, acreditando que o Governo os está enviando para o "matadouro". Nas redes sociais e na mídia, proliferam imagens de comissários militares ucranianos "mobilizando" futuros soldados, agarrando-os pelos braços e pés na rua, arrastando-os para fora do transporte público ou de suas próprias casas.
📌 Una región ucraniana donde más a menudo se emplean métodos violentos de reclutamiento es la de LvovUn video publicado en redes muestra a comisarios militares empujando a un hombre a un coche y arrebatándole el teléfono a una mujer que intentaba grabar la detención ilegal. pic.twitter.com/56UY5eEfeS
— Sepa Más (@Sepa_mass) December 2, 2023
Perseguição à Igreja Ortodoxa Ucraniana
Além disso, desde o início da operação militar russa na Ucrânia, o regime de Zelensky intensificou sua perseguição à Igreja Ortodoxa Ucraniana. Isso inclui invasões, apreensões e queimas de igrejas e conventos, ataques ao clero ortodoxo, bem como acusações de supostas atividades pró-russas.
Em meados de outubro, o Verkhovna Rada (Parlamento ucraniano) aprovou em primeira leitura um projeto de lei sobre a proibição de organizações religiosas ligadas à Rússia. Assim, as igrejas ortodoxas ucranianas poderiam ser banidas do território do país. Nesse contexto, o Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, indicou, no final do ano passado, que a pressão de Kiev para proibir as igrejas ortodoxas ucranianas violaria a liberdade de religião.
Proibição de partidos políticos de oposição
Vários meses após o início das hostilidades, o Governo de Zelensky suspendeu completamente as atividades de 12 partidos políticos de oposição, argumentando que eles promoviam posições "pró-russas".
Liberdade de expressão
Vale mencionar que, um ano antes do início da operação militar especial russa na Ucrânia, Zelensky também fechou três grandes canais de televisão ucranianos - 112 Ukrayina, NewsOne e ZIK - ao promulgar um decreto do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia para introduzir sanções contra esses meios de comunicação e seu proprietário, o deputado Taras Kozak, do grupo da oposição Plataforma pela Vida no Parlamento.
Zelensky disse que Kiev "apoia firmemente a liberdade de expressão", mas não "a propaganda patrocinada por agressores que impede o progresso da Ucrânia em direção à integração europeia e euroatlântica". Enquanto isso, o secretário geral da Federação Internacional de Jornalistas, Anthony Bellanger, chamou a medida de "uma proibição arbitrária e politicamente motivada, inaceitável em uma democracia".
Ao mesmo tempo, a Embaixada dos EUA apoiou a medida, e a União Europeia foi cautelosa em sua avaliação, não apoiando nem criticando a decisão por enquanto.
Proibição da mídia
Pouco tempo depois, Kiev fechou quatro canais populares no Telegram após o Serviço de Segurança da Ucrânia alegar, sem oferecer nenhuma evidência consistente, que eles colaboravam secretamente com o Estado-Maior das Forças Armadas russas.
Ultimamente, a mídia ucraniana tem sido cada vez mais atacada pelo chamado "Exército da informação" do Governo. De acordo com o The Financial Times, o número de casos de ataques físicos e on-line a jornalistas independentes e de oposição na Ucrânia está aumentando, e escutas telefônicas, vigilância e violações do direito à privacidade dos jornalistas estão sendo realizadas para pressioná-los.