Robert Fico, crítico severo da abordagem do Ocidente em relação ao conflito na Ucrânia
Em seu terceiro mandato, o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, que foi alvo de uma tentativa de assassinato na quarta-feira, tornou-se um dos críticos mais proeminentes da abordagem de Bruxelas e Washington em suas estratégias em relação à Rússia e à crise ucraniana.
Fico liderou o Governo de Bratislava duas vezes, de 2006 a 2010 e de 2012 a 2018. Ele retornou ao cargo em outubro passado, tendo feito campanha para impedir o envio de armas para Kiev e argumentou que as pessoas na Eslováquia "têm problemas maiores do que a Ucrânia".
Juraj Cintula, o autor do ataque a Fico, disse que o fez porque "discordava da política do Governo eslovaco".
Suspensão do envio de armas para Kiev
Uma das primeiras medidas de Fico como primeiro-ministro durante seu terceiro mandato foi suspender o fornecimento de armas à Ucrânia.
"Interpretamos toda a ajuda à Ucrânia apenas como ajuda humanitária e civil, não forneceremos armas à Ucrânia", afirmou o primeiro-ministro em outubro passado.
Além disso, sublinhou que a UE deve deixar de ser um fornecedor de armas para se tornar um pacificador. Fico declarou que o conflito ucraniano não compete à União Europeia. Ele também afirmou que não votaria a favor de quaisquer sanções contra a Rússia, a menos que uma análise de seu impacto sobre a Eslováquia fosse apresentada.
"Tudo o que for possível para evitar o envolvimento direto"
O primeiro-ministro eslovaco tem se oposto repetidamente às declarações de seus colegas europeus sobre a possibilidade de envolvimento direto de suas tropas no conflito ucraniano.
Em fevereiro, o político declarou que o Ocidente "vai apostar em uma escalada total das tensões e um apoio militar e financeiro ilimitado para a Ucrânia".
"Mesmo que minha posição me custe o cargo de primeiro-ministro, farei todo o possível para evitar o envolvimento direto dos soldados eslovacos na guerra na Ucrânia", declarou.
"A Eslováquia precisa de uma Ucrânia neutra"
Fico se opôs à adesão da Ucrânia à OTAN, apontando para os riscos que tal decisão implicaria, e enfatizando que seu país não ratificaria a adesão de Kiev à Aliança.
"A Ucrânia pode dizer: 'Queremos entrar para a OTAN'. Tudo bem, é uma decisão soberana deles. Nós dizemos que não vamos ratificar isso no Parlamento, porque a Eslováquia precisa de uma Ucrânia neutra. Os interesses da Eslováquia estariam em perigo se a Ucrânia se tornasse um Estado membro da OTAN", disse Fico em abril.