Notícias

"Não descartamos essa opção": Macron insiste na possibilidade de enviar tropas francesas para a Ucrânia

Segundo o presidente francês, o conflito na Ucrânia é "existencial" para seu país e para a Europa como um todo.
"Não descartamos essa opção": Macron insiste na possibilidade de enviar tropas francesas para a UcrâniaGettyimages.ru / Christian Liewig - Corbis

O presidente da França, Emmanuel Macron, deu uma entrevista ao vivo na televisão nacional na noite desta quinta-feira sobre como continuar a apoiar Kiev, após a controvérsia gerada no mês passado na União Europeia, quando disse que o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia não deveria ser descartado.

Na ocasião, o mandatário reiterou que, em sua opinião, "a Rússia não pode e não deve vencer essa guerra". De acordo com o presidente, o conflito na Ucrânia é "existencial" para seu país e para a Europa como um todo.

Questionado sobre a possibilidade de enviar tropas francesas para a Ucrânia, Macron estimou que "hoje não estamos nesta situação", mas voltou a declarar que "não vai descartar essa possibilidade".

"Assumo que levantei essa possibilidade", continuou. "Estabelecemos muitos limites, se assim posso dizer, em nosso vocabulário. Não estamos escalando. Não estamos em guerra com a Rússia. Simplesmente temos que deixar claro que não podemos deixar a Rússia vencer", afirmou. "Isso significa que, se decidirmos hoje ser fracos, não estamos escolhendo a paz. Já estamos decidindo a derrota", explicou.

Fracasso da contraofensiva

Macron também reconheceu o fracasso da contraofensiva ucraniana. "A contraofensiva ucraniana não saiu como esperado. A situação no terreno é difícil para os ucranianos. Eles têm limites em termos de homens porque a Rússia é um país maior", disse.

Ele observou que "a situação na frente é extremamente frágil". "O início de 2024 deve ser o início de uma nova era", afirmou.

"Nós nunca tomaremos a iniciativa"

Embora Macron não tenha descartado o envio de tropas para a Ucrânia, ele também disse que a França nunca tomaria a iniciativa de uma ação militar, sugerindo que o "único responsável" seria a Rússia. "Não seremos nós. Nunca lideraremos uma ofensiva, nunca tomaremos a iniciativa", declarou Macron.

"A França é uma força de paz. Mas hoje, para ter paz na Ucrânia, não podemos ser fracos. Portanto, temos que olhar para a situação com lucidez e dizer com determinação, vontade e coragem que estamos prontos para usar os recursos para alcançar nosso objetivo", explicou.

O mandatário francês ainda opinou que Moscou "é um adversário" de Paris. "Estamos fazendo tudo o que podemos para garantir a derrota da Rússia", disse ele.

São suficientes 100 cartuchos por dia?

Paralelamente, Macron descreveu a produção francesa de 100 projéteis por dia como "modesta e bastante normal", enquanto o Exército ucraniano consome essa quantidade em poucos minutos, enfatizando que a França está aumentando sua capacidade de produção, mas o processo leva tempo. 

"Aumentamos nossa produção de categorias de projéteis e mísseis que são relevantes para os ucranianos em mais de três vezes", explicou.

Kiev e Paris assinaram um acordo de segurança bilateral em fevereiro, no qual a França se comprometeu a liberar até US$ 3,2 bilhões em ajuda militar este ano.