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Quem são os investigados suspeitos de disseminar "mentiras" contra a atuação do Governo no RS?

Publicações incluem ataques contra Marcelo Odebrecht e teorias conspiratórias sobre a crise ambiental ter sido planejada.
Quem são os investigados suspeitos de disseminar "mentiras" contra a atuação do Governo no RS?Gettyimages.ru / Adaptação de gravura feita por smartboy10

Na quarta-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, atendeu ao pedido do ministro-chefe da SECOM, Paulo Pimenta, e acionou a Polícia Federal para investigar usuários que disseminaram supostas informações falsas sobre a atuação das instituições federais no contexto do socorro às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, que já deixaram mais de 95 mortos e milhares de desabrigados.

"É fundamental que ações sejam tomadas para proteger a integridade e a eficácia das nossas instituições" diante da propagação de "narrativas desinformativas e criminosas", escreve Pimenta. Anteriormente, o ministro havia qualificado aqueles que disseminam "fake news" sobre a atuação do Governo Federal na catástrofe ambiental que acomete o estado como "inimigos da pátria"

Neste artigo, a RT Brasil separou algumas das postagens publicamente listadas pelo ministro como "relevantes", que exigiriam responsabilização e a tomada de ações do poder público.

Empresários ligados ao Governo Lula

A primeira postagem enumerada por Pimenta, que foi excluída pelo autor, foi redigida usuário do X @misteriouspavao. Nela, o publicador mencionava Luiza Trajano, Emilio e Marcelo Odebrecht, Joesley e Wesley Batista e alegava que ''os empresários que apoiam o Lula não moveram um dedo pra ajudar as vítimas do Rio Grande do Sul". 

Luiza Trajano, conforme apuração da imprensa local, realizou contribuições para o Rio Grande do Sul, tendo doado colchões e mobilizado coletivos para promover doações. Quanto aos demais empresários (a incluir os irmãos Batista, que foram recentemente elogiados pelo presidente Lula e que integraram uma comitiva do presidente durante viagem oficial à China), não foram encontradas informações públicas.  

Apresentação da Madonna e prontidão das Forças Armadas

Em um segundo item, o ministro Pimenta aponta para mensagens, no aplicativo Telegram, ''criticando a ausência de ministros no Sul do país e condenando a ida de primeira-dama ao Rio de Janeiro para o show da Madonna''. ''As mensagens foram compartilhadas em grupos que reúnem mais de 20 mil pessoas no total'', acrescenta o ministro.

Neste item, também evoca-se uma postagem falsa originalmente divulgada pelo prefeito de Canoas, Jairo Jorge, e posteriormente publicada pelo Jornal Razão (@jornalrazao). Como apontado por Pimenta, o prefeito afirma, equivocadamente, que "nove pacientes que estavam em UTI morreram por suposta demora do Exército". Em verdade, 13 pessoas foram transportadas da UTI, e destas, duas vieram a falecer.

Teorias conspiratórias sobre a crise humanitária ser arquitetada

A terceira das publicações é contra o influenciador "Paladin". Em repetidas postagens, o criador de conteúdo alega que a calamidade no Rio Grande do Sul foi planejada, afirmando tratar-se de uma "tática para manipular e controlar as massas, utilizando-se de eventos planejados ou manipulados para instigar o medo, a confusão e a disseminação". 

A publicação acima foi visualizada, no momento da confecção do presente artigo, por 836 mil pessoas - algo destacado por Pimenta ao argumentar em prol da tomada de ações.

Publicação de Eduardo Bolsonaro

Em outro item, o ministro Pimenta exige investigação contra o congressista Eduardo Bolsonaro, alegando que o mesmo "criticou a ajuda do Governo Federal ao Rio Grande do Sul" ao republicar um artigo do jornal Folha de São Paulo afirmando que o Governo Lula só enviou a Força Nacional para o Rio Grande do Sul quatro dias após o início da crise e das fortes chuvas.

 Autuação de Caminhões

Outra das informações apontadas por Pimenta foi veiculada pelo influenciador Pablo Marçal e pela emissora SBT. Ambos acusam o Governo Federal de aplicar protocolos que, efetivamente, bloqueavam o trânsito de caminhões carregando doações nas vias de acesso ao Rio Grande do Sul, através de autuações relativas à exigência de nota fiscal ou ao excesso de peso.

Conforme previamente apurado pela RT Brasil, Rafael Vitale, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres, confirmou que "houve casos isolados de autuação por excesso de peso". Ele explica, no entanto, que as mesmas "não se tornarão multas e serão devidamente anuladas".

A ANTT anunciou ainda que atualizou o seu protocolo relativo aos veículos de carga que transitam no estado, oficializando medidas como a "dispensa de fiscalização" e a "isenção de tarifa de pedágio" - que alegadamente, já estavam sendo tomadas em razão do caráter crítico exigido pela situação de crise humanitária. 

Os demais itens enumerados pelo ministro Pimenta podem ser conferidos na íntegra através do Ofício O Nº 119/2024/GAB/SE/SECOM/PR, tornado público através da Agência Brasil.