G7 estaria considerando não confiscar totalmente os ativos russos por medo de represálias
Os países do G7 admitiram em particular que não estão mais considerando a ideia de confiscar totalmente os ativos russos congelados, principalmente por medo de uma retaliação de Moscou, informou o Financial Times na sexta-feira.
Fontes do veículo afirmam que, ao invés disso, os países ocidentais estão procurando outras formas de extrair fundos russos para financiar a Ucrânia. Uma delas seria o uso de lucros inesperados gerados por ativos russos à disposição do depositário central de títulos Euroclear para a compra conjunta de armas para as tropas de Kiev.
Desde o início da operação militar especial de Moscou, em fevereiro de 2022, a Euroclear obteve mais de 5 bilhões de euros (5,37 bilhões de dólares) em lucros extraordinarios após os impostos, ao reinvestir pagamentos de cupons bloqueados e dinheiro de valores vencidos que não podem ser pagos à Rússia em virtude das sanções.
Para a União Europeia, essa opção é considerada politicamente menos arriscada e legalmente mais justificada, pois não afeta os ativos em si, de acordo com especialistas citados pelo jornal. Ao mesmo tempo, a quantia de dinheiro que esse plano gerará é estimada em cerca de 3 bilhões de euros (3,223 bilhões de dólares) por ano.
Não seria lucrativo negociar a paz
Entretanto, um grande problema com o plano, de acordo com um funcionário da UE, é que não seria econômico negociar a paz. Se as hostilidades terminassem brevemente, a dívida contraída com a expectativa de lucros por décadas teria que ser apoiada por garantias estatais ou pelos próprios ativos da Rússia, o que poderia ser "complicado e caro".
"Se algum dia houver uma negociação de paz e a Ucrânia decidir participar, pode haver uma situação em que a Rússia exija a devolução de seus ativos congelados e, em troca, concorde em fazer concessões territoriais à Ucrânia. Não é possível fazer isso se você já hipotecou esses ativos", disse uma autoridade alemã.
A Câmara dos Deputados dos EUA votou em abril um projeto de lei que aprova a apreensão de ativos russos congelados em favor da Ucrânia.
- Em 2022, a União Europeia, os EUA, o Japão e o Canadá congelaram cerca de 300 bilhões de dólares em ativos do Banco Central russo em resposta à operação militar especial de Moscou na Ucrânia. Cerca de 200 bilhões de dólares desses fundos são mantidos na Europa, principalmente no depositário belga Euroclear.
- O Kremlin advertiu repetidamente que uma apreensão de ativos russos em favor de Kiev seria "um roubo realmente direto".