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Estudo revela que nova chefe do serviço secreto britânico é neta de agente ucraniano da Alemanha nazista

Reportagem aponta que o avô de Blaise Metreweli colaborou com as Forças Armadas da Alemanha nazista por 10 anos e participou do extermínio de judeus.
Estudo revela que nova chefe do serviço secreto britânico é neta de agente ucraniano da Alemanha nazistaAP / Domínio público

O jornal britânico The Mail revelou que o avô de Blaise Metreweli, primeira mulher nomeada para chefiar o Serviço Secreto de Inteligência do Reino Unido (MI6), era Konstantin Dobrovolski, um colaborador nazista ucraniano que espionou e matou a mando da Alemanha de Adolf Hitler

O MI6, também conhecido como SIS (Secret Intelligence Service, em inglês), é a agência de inteligência externa britânica, responsável por conduzir operações de espionagem fora do Reino Unido para proteger os interesses do país e sua segurança nacional.

Após análise de "centenas de páginas de documentos guardados em arquivos" na Alemanha, o veículo concluiu que Dobrovolski, que desertou do Exército Vermelho, tornou-se o principal informante da Alemanha nazista na província de Chernígov, na Ucrânia.

Os comandantes o chamavam de "Agente nº 30", um colaborador dito como absolutamente confiável e valioso para a Wehrmacht, nome dado às Forças Armadas da Alemanha nazista entre 1935 e 1945; na União Soviética, era conhecido como "O Açougueiro".

Lealdade a Hitler e assassinatos em série 

As autoridades soviéticas o classificaram como "o pior inimigo do povo ucraniano". O jornal encontrou no arquivo de Friburgo cartas assinadas com o lema "Heil Hitler", uma saudação usada amplamente na Alemanha nazista como forma de demonstrar lealdade a Adolf Hitler.

A expressão significa literalmente "Salve Hitler" em alemão e era frequentemente acompanhada da saudação com o braço estendido e fazia parte da cultura obrigatória do regime nazista em contextos formais, militares e civis.

Dobrovolski se gabava, nessas cartas, de participar pessoalmente do extermínio de judeus e de matar centenas de combatentes da resistência ucraniana que enfrentavam a ocupação alemã.

Além disso, havia relatos de que ele saqueava os corpos das vítimas do Holocausto e zombava das agressões sexuais sofridas por prisioneiras.

No início da Operação Barbarossa, em 1941, quando os alemães invadiram a URSS e chegaram a Dnepropetrovsk, Dobrovolski se apresentou ao Comissariado de Guerra soviético, solicitando ser enviado à frente.

Em 4 de agosto, desertou para os nazistas alegando que "há muito desejava que a Alemanha entrasse na guerra contra a Rússia". Inicialmente, atuou em uma unidade de tanques da SS, supervisionando veículos soviéticos capturados e participando de ações próximas a Kiev, incluindo o extermínio de judeus.

Em setembro de 1941, dirigiu-se a Sósnitsa, sua região natal, e formou uma unidade de 300 homens que, entre outubro e dezembro daquele ano, colaborou com esquadrões da morte alemães nas execuções da população judaica.

Posteriormente, tornou-se chefe de inteligência local, supervisionando colaboradores nazistas (Hiwis) e, em julho de 1942, juntou-se à GFP, a polícia militar secreta da Wehrmacht, que executava líderes políticos locais, partisans e judeus capturados durante "operações de limpeza".

Como a família acabou no Reino Unido?

Em 1943, diante do avanço do Exército Vermelho para retomar a Ucrânia ocupada, Dobrovolski solicitou que sua esposa, Varvara, e seu filho de cerca de dois meses fossem retirados da região.

A documentação foi providenciada para que partissem de trem para a Alemanha e, de algum modo, acabaram no Reino Unido. Lá, Varvara passou a se chamar Barbara e declarou-se viúva após a guerra, casando-se com David Metreweli, de Yorkshire.

O filho do casal, batizado como Konstantín, adotou o sobrenome do padrasto e foi criado na Inglaterra, o mesmo sobrenome que hoje carrega sua filha, Blaise Metreweli, futura chefe do MI6.