Notícias

Choques elétricos, espancamentos e execuções simuladas: ONU revela tortura contra prisioneiros de guerra russos na Ucrânia

Entre outras coisas, o órgão internacional observa que as execuções de pelo menos 25 prisioneiros de guerra russos foram registradas entre 2022 e 2023.
Choques elétricos, espancamentos e execuções simuladas: ONU revela tortura contra prisioneiros de guerra russos na UcrâniaGettyimages.ru / Paula Bronstein

Prisioneiros de guerra russos alegam tortura na Ucrânia, segundo um relatório divulgado pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).

"O ACNUDH também recebeu alegações confiáveis de casos de tortura e maus-tratos de prisioneiros de guerra russos cometidos em locais de trânsito após sua evacuação do campo de batalha", diz o relatório. O órgão disse que entrevistou 44 prisioneiros de guerra russos mantidos em "locais de internação" nas províncias de Dnepropetrovsk, Kharkov, Lvov, Nikolayev, Sumy, Vinnitsa e Zaporozhie (que se tornou parte da Rússia após um referendo no outono de 2022, mas parte da região permanece sob o controle de Kiev).

De acordo com o texto, que abrange o período de 1º de dezembro de 2023 a 29 de fevereiro de 2024, oito prisioneiros de guerra russos relataram ter sido mantidos em porões de edifícios privados por períodos que variaram de vários dias a um mês e meio, enquanto 13 outros militares relataram ter sido "socados e espancados com marretas e paus de madeira", submetidos a "choques elétricos e execuções simuladas" durante o interrogatório e, em dois casos, "ameaçados com violência sexual".

Entre outras coisas, o ACNUDH observa que as execuções de pelo menos 25 prisioneiros de guerra russos foram registradas entre 2022 e 2023. Embora as autoridades de Kiev tenham aberto pelo menos cinco processos criminais por violações contra 22 indivíduos, não houve progresso na investigação, concluiu a ONU.

Além disso, a agência publicou informações de entrevistas com 60 prisioneiros de guerra ucranianos libertados recentemente. Segundo a ONU, quase todos os soldados relataram que "militares ou oficiais russos os torturaram ou maltrataram durante seu cativeiro".

Avião abatido com prisioneiros de guerra ucranianos

Com relação à derrubada na província de Belgorod do avião russo Il-76 que transportava prisioneiros de guerra ucranianos, o texto observa que o ACNUR "não foi capaz de determinar suficientemente as circunstâncias do incidente de acordo com sua metodologia habitual".

"O incidente e a extensão da perda de vidas destacam a necessidade de uma investigação completa, imparcial e transparente", afirmou o escritório.

Anteriormente, o Comitê Investigativo da Rússia revelou que o míssil com o qual as forças ucranianas abateram a aeronave era um MIM-104A do sistema Patriot dos EUA. A agência descobriu que os militares ucranianos lançaram dois mísseis contra o avião a partir da cidade de Liptsy, localizada na província ucraniana de Kharkov.