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Borrell não vê necessidade de um exército europeu comum

"A defesa é uma competência dos Estados membros. A questão não é ter um exército da UE, mas sim trabalhar melhor em conjunto com os 27 exércitos", disse o alto representante da UE para Assuntos Externos e Política de Segurança.
Borrell não vê necessidade de um exército europeu comumGettyimages.ru / Thierry Monasse

Os países da União Europeia (UE) devem priorizar o trabalho em conjunto e aumentar a cooperação entre suas Forças Armadas em vez de formar um Exército comum, disse nesta quarta-feira o alto representante para Assuntos Externos e Política de Segurança do bloco, Josep Borrell, em uma entrevista ao Politico.

Há vários anos, a França, a Alemanha e até mesmo a Hungria vêm pedindo a criação de um Exército comum para fortalecer a defesa do bloco. Entretanto, nos últimos meses, as vozes que defendiam tal iniciativa se calaram, informa a revista.

Nesse contexto, Borrell afirmou que "a defesa é uma competência dos Estados membros. A questão não é ter um exército da UE, mas sim trabalhar melhor em conjunto com os 27 Exércitos.

A eurodeputada alemã Hannah Neumann sugeriu que "não faz sentido pedir um exército europeu em um momento em que não se consegue nem mesmo produzir munição suficiente para se defender ou apoiar seus parceiros mais próximos".

Preocupações com a defesa

As observações foram feitas depois que a Comissão Europeia apresentou, na terça-feira, uma estratégia para melhorar seu setor de defesa, pedindo a racionalização da aquisição de armas entre os membros e a redução da dependência do setor de armas dos EUA.

Em 2022, "o investimento em defesa de nossos Estados membros foi de 58 bilhões de euros (63,276 bilhões de dólares), fragmentado entre 27 centros de demanda. Nos Estados Unidos, apenas um, o Pentágono, investiu 215 bilhões de euros, quase quatro vezes mais", explicou Borrell em uma coletiva de imprensa após o evento. "A fragmentação deve ser enfrentada com cooperação", disse.

"Está claro que há um novo senso de urgência e responsabilidade entre os Estados membros para intensificar nosso trabalho conjunto em defesa e um desejo claro de fazer mais juntos", disse à revista depois do evento.

Enquanto isso, as preocupações da UE sobre a redução da dependência dos EUA vêm à luz dos comentários do ex-presidente Donald Trump sugerindo que não se deve esperar que Washington defenda os aliados europeus que se recusam a honrar seus compromissos de gastos militares com a OTAN.