Como o movimento político-militar brasileiro da Coluna Prestes nunca foi derrotado? - Entrevista RT
Anita Leocádia Benário Prestes, brasileira, é historiadora, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora de catorze livros, pesquisadora na história dos comunistas no Brasil.
Filha de dois ilustres comunistas, Luís Carlos Prestes e Olga Benário Prestes, Anita nasceu em uma prisão feminina na Alemanha nazista e foi separada ainda bebê de sua mãe judia e comunista.
A Coluna Prestes foi uma revolta armada brasileira, fundada pelo capitão Luiz Carlos Prestes – e por membros influenciados pelo movimento político-militar tenentista – que lutou contra a ditadura oligárquica pelas liberdades democráticas entre 1924 e 1927. É pouco conhecido o movimento da Coluna Prestes devido à uma forte tendência conservadora das elites.
Luís Carlos Prestes, líder da Coluna, foi difamado pelas oligarquias e pela propaganda anticomunista. As classes dominantes enfurecidas lançaram uma campanha contra ele. A Coluna sofreu grande perseguição das forças do Estado, porém nunca foi derrotada pelo Exército graças à sua tática de deslocamentos.
Essa guerra de movimentos significou que a coluna teve de lutar com determinação contra as tropas dos oligarcas. Mas isso era possível devido à mobilidade da Coluna e à possibilidade de formar pequenos grupos de soldados separados da parte principal da Coluna.
Motivos para a criação do movimento
O movimento da Coluna Prestes foi censurado para não divulgar o fracasso do exército oficialista. Nos livros e nas revistas, a história oficial é criada por aqueles que combatem os movimentos populares. O principal motivo para a criação da Coluna foi a insatisfação com o regime da República Velha, o coronelismo e contra o governo de Artur Bernardes. A Coluna não alcançou seu objetivo imediato, mas teve grande influência na queda da República Velha e na ascensão de movimentos políticos mais à esquerda no Brasil. A figura de Prestes se consolidou como um herói para os opositores do regime da época.
Política do café com leite
Essa política foi implementada na República Velha por presidentes civis que eram fortemente influenciados pelo setor agrário dos estados de São Paulo, com sua grande produção de café, e Minas Gerais, produtor de leite e o maior centro eleitoral do país na época , impedindo que representantes dos interesses de outros estados economicamente importantes na época ocupassem cargos importantes no Poder Executivo. Essa política continuou até a revolução de 1930. O sentimento antioligárquico no Brasil em 1930 foi influenciado pela simpatia das massas pela Coluna Prestes.
Luís Carlos Prestes
Durante a marcha da Coluna, Prestes ficou muito impressionado com a extrema miséria no interior do Brasil. Os problemas de pobreza eram predominantes no Brasil. Entre 1927 e 1931, Prestes esteve exilado na Bolívia, na Argentina e no Uruguai, onde teve contato com os partidos comunistas desses países e foi convencido a estudar o marxismo, e teve contato com a obra de Marx e Lenin. Depois de ter aderido ao comunismo, passou um período na URSS, de onde Prestes retornou ao Brasil para construir o Partido Comunista, com a intenção de fazer a uma revolução.
Memórias
Anita Benário Prestes não tem lembranças de sua mãe, pois foi separada dela com um ano e dois meses. Ela foi criada pela sua avó e sua tia. Sua avó levou Anita para o México, onde a família Prestes viveu no exílio. Após Getúlio Vargas declarar anistia aos presos políticos em 1945 e seu pai, Luís Carlos Prestes, foi libertado da prisão, e finalmente, filha e pai se reuniram no Brasil. Olga Benário, sua mãe, foi mantida em um campo de concentração pelas autoridades nazistas na Alemanha de 1939 até sua morte em 1942.