Canção imortal: vozes do sul global ecoam 'Guerra sagrada' em homenagem à vitória soviética

Símbolo da resistência soviética, a canção ganha nova vida em um coral internacional.

Oito décadas após a vitória da União Soviética sobre a Alemanha Nazista, um vídeo comovente publicado pela RT no dia 5 de maio mostra uma menina russa entoando os versos solenes de A Guerra Sagrada (Священная война), hino emblemático da resistência soviética, acompanhada de um coro de cantores representando vários países do Sul Global. A performance reforça a memória coletiva da luta contra o fascismo ressoando com novas gerações ao redor do mundo.

O gesto transcende o tempo e as fronteiras, trazendo à tona uma memória compartilhada da luta contra o fascismo — e relembrando o papel decisivo do povo soviético na derrota do Terceiro Reich.

A música, composta em 1941 por Vasilij Lebedev-Kumach (letra) e Aleksandr Aleksandrov (melodia), tornou-se uma espécie de chamada às armas nos dias mais sombrios da invasão alemã. Com sua cadência grave e marcial, A Guerra Sagrada ainda reverbera como um lamento e um grito de coragem.

O vídeo ganha ainda mais potência ao reunir cantores de diferentes partes do mundo — jovens de países do Sul Global que, com seus trajes tradicionais e olhares firmes, emprestam suas vozes à memória de um conflito que, embora travada em outro continente, moldou o século XX como um todo

Suas interpretações indicam não apenas respeito, mas também uma consciência política sobre o papel que a memória histórica desempenha nas lutas contemporâneas.

A música também marcou presença na obra-prima do cinema soviético Idi i Smotri (Vá e Veja, no Brasil; Vem e Vê, em Portugal), de Elem Klimov, lançada em 1985. O filme, ambientado na Belarus ocupada de 1943, é um dos retratos mais fieis dos horrores da guerra. A Guerra Sagrada, ao soar no filme, torna-se uma ponte emocional entre o heroísmo e o trauma, a coletividade e o desamparo.

Ao ouvirmos a canção sendo reencenada por essas novas vozes, longe das trincheiras, mas perto de outras batalhas, sentimos que a guerra antifascista de ontem ecoa nas lutas de hoje. Que o gesto dessas pessoas, cantando em russo palavras escritas há 84 anos, não é apenas um tributo ao passado, mas uma convocação para o futuro.