
Vodu: remédio contra a miséria - RT Reporta
Nesta nova edição do 'RT Reporta', nossa equipe viaja ao Haiti, o país mais pobre das Américas, para mostrar as práticas ancestrais do vodu, uma cultura religiosa altamente estigmatizada e sobre a qual pouco se sabe.
O vodu como forma de culto teria surgido na África Ocidental em algum momento do século XVII e começou a espalhar-se pela região do Caribe durante o século XVIII com os escravos africanos trazidos para trabalhar nas lavouras de açúcar do Haiti. Foi durante os rituais dessas práticas religiosas que os cativos africanos começaram a conspirar contra a opressão dos europeus, o que culminou na independência do Haiti em 1803.
A prática do vodu ainda é muito popular no país caribenho até os dias de hoje, e seus rituais consistem em oferendas aos espíritos para que eles possuam o corpo de seus participantes. O culto também é praticado para homenagear os ancestrais que pegaram em armas na luta pela liberdade. Seus praticantes, contudo, foram por muito tempo discriminados e até mesmo presos sob a acusação de bruxaria.
"Quem o praticava corria risco de morte"
Didier Dominique, especialista no assunto, ressalta que, antigamente, "de acordo com a Constituição, o vodu era ilegal". Além disso, "qualquer pessoa que o praticava corria risco de morte, e quem soubesse de um templo deveria denunciá-lo, ou seria considerado cúmplice".
Segundo ele, a Igreja Católica desempenhou um papel "muito negativo" na perseguição religiosa: em 1860 foi concordado entre o Vaticano e o Estado que "o vodu era Satanás e deveria ser perseguido", acrescentou.
Esse estigma foi reforçado anos mais tarde nas produções cinematográficas de Hollywood que popularizaram o imaginário de bonecas perfuradas com agulhas e associando-as a "zumbis". Até mesmo as elites haitianas passaram a rejeitar o vodu, o que fez aumentar o abismo social. "Os protestantes evangélicos diziam que o vodu trazia a cólera. Quando houve o terremoto, também", relatou Dominique.
Acompanhe o RT Reporta para saber mais sobre o vodu contado por seus próprios praticantes.