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Migrantes em São Paulo: sonhos realizados? - RT Reporta

Como é a vida dos imigrantes em São Paulo? Todos os anos, milhares de pessoas deixam seus países para escapar da pobreza ou da guerra e optam por ir para a metrópole brasileira em busca de um futuro melhor. As leis garantem seus direitos, mas nem sempre são executadas e muitas pessoas são exploradas e se sentem distantes de se tornarem cidadãos plenos. Diante das dificuldades, surgem associações dos próprios imigrantes que, juntos, se esforçam para vencer os desafios.

São Paulo é uma das dez maiores metrópoles do mundo. Sua economia está em pleno crescimento, sendo considerada a terceira maior da América Latina com um PIB de 603 bilhões de dólares, o que faz dela uma cidade extremamente atraente para milhões de pessoas.

Mas nem tudo é tão fácil assim para os muitos imigrantes de diferentes partes do mundo que fizeram da cidade de São Paulo seu lar. Muitas vezes, o sonho de uma vida melhor é frustrado e marginalizado pela dura realidade da discriminação e do racismo.

Embora existam leis que garantam uma série de direitos aos estrangeiros moradores da selva de pedra paulistana, elas nem sempre são respeitadas. Além disso, os brasileiros são geralmente mais privilegiados em relação a empregos e salários decentes.

Diante de tal situação, os imigrantes decidiram agir por conta própria, unindo-se em associações para somar forças na garantia de seus direitos, na defesa de seus interesses e na superação das adversidades.

A correspondente da RT no Brasil, Michele de Mello, nos conta quais são os desafios, oportunidades, desvantagens, e a realidade enfrentada por pessoas que, após uma longa jornada, decidiram fazer da maior cidade da América do Sul o ponto de partida para uma nova vida.

Capital de imigrantes

Cada canto de São Paulo pode levá-lo a um país diferente. A capital paulista abriga cerca de 360 mil imigrantes entre seus mais de 21 milhões de habitantes que atualmente vivem na região metropolitana.

Desde sua fundação, a cidade tornou-se o epicentro de um fluxo migratório permanente que nunca cessou desde a chegada dos primeiros colonizadores portugueses. No século XX, ofereceu abrigo àqueles que fugiam das duas grandes guerras mundiais e da pobreza.

Ainda hoje, a cidade continua a receber pessoas que fogem de conflitos ao redor do mundo ou que simplesmente procuram um lugar melhor para construírem suas vidas. 

Desta forma, europeus, japoneses, árabes, africanos, asiáticos, latino-americanos e caribenhos continuam chegando à capital.

No entanto, a chegada de estrangeiros no Brasil não é algo simples, pois envolve diversos fatores sociais, culturais, financeiros, econômicos e, principalmente, legais.

Lugar com acesso a direitos

Thamara Thomé, coordenadora do Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI), explicou à RT que é difícil definir o principal motivo pelo qual os migrantes escolhem São Paulo. 

No entanto, ela acredita que um dos principais fatores seria a busca por um lugar onde os imigrantes possam ser acolhidos com a garantia de seus direitos.

"É difícil traçar um motivo principal. Se analisarmos a migração boliviana, que é mais antiga, o que se destaca é a questão trabalhista. [...] Acho que, em geral, as pessoas estão buscando um lugar que as acolha, e quando falo em acolhimento, quero dizer acesso a direitos", enfatizou Thomé.

Luis Felipe Magalhães, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (NEPO-UNICAMP), afirmou que é por meio da associação dos imigrantes, entre outros setores da sociedade, que tem sido possível promover mudanças nas leis locais.

"Por meio da organização de vários setores, conseguimos mudar a lei federal de migração, substituindo o texto autoritário herdado da ditadura pela nova lei de migração. [...] O texto substituiu uma visão do migrante como um problema de segurança nacional para vê-lo como um sujeito de direitos e o Estado responsável pela recepção humanitária desse migrante, ou desse refugiado", disse Magalhães.

Se você quiser saber mais sobre a realidade dos imigrantes na mais importante metrópole brasileira, acompanhe o RT Reporta nesta reportagem especial da correspondente Michele de Mello.