Ouro equatoriano: do milagre à maldição - RT Reporta

O termo "febre do ouro" nos remete à ganância, ao enigma que o dinheiro fácil desperta em muitos, talvez até à violência. A Amazônia equatoriana vive hoje uma "febre do ouro", e embora já não se trate de aventureiros individualistas, trouxe à região o mesmo cortejo de exploração, degradação e desordem, só que multiplicado pelo poder das empresas envolvidas. Um mundo onde prosperam apenas aqueles que movem seus fios e a sordidez.

A devastação ambiental, corrupção, violência e desigualdade extrema se tornaram companheiros constantes da vida de comunidades locais do Equador amazônico. Sendo um dos metais mais desejados do mundo, o ouro se tornou uma verdadeira figura de destruição, atraindo empresas que exploram metal de forma ilegal.

Na província equatoriana de Napo, os moradores desde a infância aprendem a colher ouro nos rios locais, que agora sofre com grave contaminação com cianeto, ferro e até mercúrio. Assim, as empresas de mineração ilegal, que despejam metais nos rios, não só tiram o pão de famílias locais, mas levam ao sacrifício humano, privando pessoas de fontes de água doce e fazendo crianças nadar nos poços sujos.

Ligações com o narcotráfico

A devastação provocada pela maquinaria pesada é outro lado da riqueza dos empresários. Em uma operação de 104 dias, as autoridades apreenderam 148 máquinas que geraram pelo menos US$ 6 milhões do valor total, que vão às mãos de máfia mineradora ligada ao narcotráfico.

As autoridades afirmam levar a remediação e operações contra empresas ilegais que se escondem na floresta. Contudo, essas medidas, segundo um defensor do povo no local, são "insuficientes".

"As autoridades, elas não se importam com meio ambiente nem com a preservação dele", disse um operador anônimo ao repórter da RT, Fernando Monroy, afirmando que o problema é visto como uma fonte de renda.

Ao mesmo tempo, para o governo, que supostamente está envolvido com o funcionamento de empresas ilegais, o problema "se tornou incontrolável".