Peru: As crianças do chumbo - RT Reporta

Qual é a relação entre o desenvolvimento econômico de um país e a saúde de sua população? Às vezes, os dois fatores estão intimamente relacionados. Este é o caso de Cerro de Pasco, no Peru, onde a saúde de seus habitantes tem sido o preço a ser pago pela mineração de suas terras, onde a população sofre com doenças terríveis devido à intoxicação por chumbo e outros metais pesados.

Cerro de Pasco, no Peru, é um exemplo dramático dos custos humanos e ambientais da mineração. A cidade, cercada por uma natureza exuberante, foi literalmente devorada pela exploração de minerais como chumbo, zinco e prata. As consequências são devastadoras: crianças e adultos sofrem com doenças graves devido à contaminação por metais pesados no sangue, enquanto lagoas e montanhas são destruídas pela atividade industrial. A mineração impulsiona a economia do país, mas o preço pago pela população local é incalculável, com famílias inteiras enfrentando a perda de entes queridos e a falta de acesso à saúde básica.

Retórica que não corresponde à realidade 

A situação em Cerro de Pasco expõe a contradição entre o discurso de desenvolvimento e a realidade das comunidades afetadas. Empresas multinacionais, como a suíça Glencore, operam na região sob acusações de negligência ambiental e social. Enquanto o Peru exporta minérios essenciais para a transição energética global, os moradores sofrem com a contaminação da água e do solo, bem como com a ausência de políticas públicas eficazes.

A Suíça, conhecida por suas políticas ambientais rigorosas, rejeitou as iniciativas de responsabilização de suas empresas por danos causados no exterior, o que significa que populações como a de Cerro de Pasco continuarão desamparadas pela justiça.

O desafio de repensar o conceito de "energia limpa"

A luta dos habitantes de Cerro de Pasco é um chamado urgente pela justiça socioambiental. Eles exigem reparação pelos danos causados, acesso à saúde especializada e um modelo de mineração que não sacrifique vidas humanas. Suas vozes apelam para que o mundo passe a repensar o conceito de "energia limpa", questionando quem realmente se beneficia dessa transição.