Brasil: as margens do Rio Negro - RT Reporta

A tranquilidade da região brasileira do Rio Negro, na Amazônia, e suas paisagens fascinantes contrastam com a grande falta de infraestrutura e de serviços básicos, como a saúde. O acesso a esses serviços depende totalmente da navegabilidade do rio Amazonas. Diante desse problema, o Estado tenta ajudar seus habitantes oferecendo um sistema de serviços fluviais, cujo funcionamento muitas vezes é afetado por secas e enchentes.

O Brasil, onde está localizado o vasto estado do Amazonas, é um refúgio de biodiversidade e comunidades únicas que enfrentam as dificuldades com coragem e determinação. No coração da maior floresta tropical do mundo, os rios são as principais vias que conectam mais de quatro milhões de pessoas, que constroem suas vidas em um ambiente onde a natureza desempenha um papel fundamental.

Em Manaus, o encontro dos rios Negro e Solimões dá origem ao majestoso rio Amazonas. Este ponto, onde as águas não se misturam devido às diferenças de densidade e temperatura, constitui por si só uma atração turística, revelando a beleza de um ambiente onde o comércio e a vida cotidiana se desenvolvem em ritmo acelerado. No entanto, ao cruzar para a margem oposta, nos deparamos com realidades completamente distintas.

Aqui, comunidades como o Igarapé do Tatu vivem em condições difíceis, construindo suas casas sobre palafitas em um ambiente que, embora abundante de vida, também é cheia de desafios. Expostas ao rigor do clima amazônico, essas comunidades dependem de unidades básicas de saúde fluviais que partem de Manaus a cada três semanas, levando atendimento médico a quem mais precisa.

A medicina pelos rios

A chegada das embarcações, equipadas com serviços de dentista, ginecologia e vacinação, é um evento que traz esperança aos ribeirinhos. A grávida Shirley relata como este serviço, gratuito e de vital importância, é a única chance que ela tem de receber cuidados de saúde sem incorrer nos custos proibitivos de uma viagem até a cidade.

A realidade de Shirley reflete o dia a dia de muitas famílias que, apesar de possuírem um pequeno barco, enfrentam custos exorbitantes para comprar combustível na cidade, tornando qualquer viagem em um enorme desafio. A falta de oportunidades e de recursos locais muitas vezes obriga jovens como o Kauã a sonhar com uma vida na capital apesar da beleza e da tranquilidade que suas comunidades oferecem.

Ambiente em risco

O estilo de vida dos ribeirinhos está ameaçado. O desmatamento e a crise climática degradam os ecossistemas que sustentaram essas comunidades por gerações. Daniel, um líder comunitário, comenta como a seca e a redução dos recursos hídricos dificultam o acesso aos rios, bem como o papel crucial do movimento popular para trazer atendimento médico e educação aos ribeirinhos.

Rosicleide, outra figura importante nessas comunidades, mantém um compromisso firme com a conservação ambiental, atuando na proteção do tracajá, uma espécie de tartaruga ameaçada de extinção. A luta contra o desaparecimento dessa espécie evidencia a conexão vital entre os habitantes e o ecossistema que os rodeia.