
"Os procuradores e o juiz da operação Lava Jato foram treinados nos Estados Unidos" - Entrevista RT
A correspondente da RT, Michele de Mello, conversa com o jornalista Leandro Demori, um dos autores da série de reportagens "Vaza Jato" para descobrir mais sobre os vínculos entre a operação Lava Jato e o governo dos EUA e também como o escândalo influenciou a vida política e social no Brasil.
Falando sobre o processo de apuração das informações, Demori destaca que pouca gente se dá conta da magnitude da operação Lava Jato: "Identificar momentos ilegais nas conversas foi um trabalho muito complexo", revelou.
Reparação aos afetados
Perguntado se faltava reparação às empresas e pessoas envolvidas no escândalo, o jornalista defendeu que certos membros da justiça deveriam ser punidos penalmente, pois suas ações destruíram e dilapidaram reputações e empreendimentos que geravam empregos e riquezas ao país.
Demori destacou ainda, ao falar da soltura do presidente Lula, que nem mesmo o principal procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, tinha certeza da denúncia, tendo comunicado tal receio ao juiz Sérgio Moro 72 horas antes de apresentar a denúncia.
Quanto às empresas, Demori observou que nenhum aparato punitivo de qualquer país do mundo permite destruir empresas, mas que no Brasil o aparelho judicial devastou setores estratégicos a nível global sob a bandeira do combate à corrupção.
Segundo ele, tal estratégia "abriu caminho para outras empresas estrangeiras" operarem e dominarem o mercado brasileiro.
Envolvimento americano e "mudança de regime"?
Historicamente, os EUA lançam mão de diversos mecanismos com o objetivo de interferir em outros países e em suas economias, destacou Leandro Demori. Assim, no Brasil, segundo ele, houve uma troca ilegal de informações entre os procuradores e o FBI, cujos agentes coletaram dados no Brasil e os levaram para os EUA sabe-se lá para quais fins espúrios.
"É sabido já, comprovado que os procuradores e o juiz da operação Lava Jato foram treinados nos Estados Unidos", afirmou o jornalista, acrescentando que "essa pauta do combate à corrupção [...] isso é instrumentalizado e usado pelos EUA, primeiro, como uma arma de geopolítica mundial, e segundo, de repatriação de dólares para o solo americano".
Mudanças no judiciário e o STF
Perguntado sobre a possibilidade de uma reforma no Brasil para impedir a instrumentalização do poder judiciário, Demori destacou que há vários obstáculos nesse campo.
Ele também abordou o poder crescente do Supremo Tribunal Federal que, segundo o jornalista, enfrentou "o dilema de poder ser fechado caso a democracia fracassasse".
Contudo, aponta Demori, agora que o Brasil já superou essa fase difícil, é hora de o povo tomar a história de volta para suas próprias mãos.
"O Tribunal precisa se colocar no seu lugar e deixar que a democracia siga o seu curso", afirmou.
Poder das redes sociais
Leandro Demori também falou sobre espaço midiático no Brasil, possibilidade de regulamentação das redes sociais e uso da mídia pelas forças políticas.
Ao discutir o Projeto de Lei das Fake News, o jornalista destacou o papel que Elon Musk desempenhou para "enterrar" este projeto.
O jornalista observou que o poder no espaço midiático brasileiro está nas mãos de três empresas estrangeiras que são a Meta*, o Google e o Twitter, chamando atenção para o sucesso da extrema-direita no uso das redes: "O absurdo chama muito mais atenção", enfatizou, afirmando que a extrema-direita sabe como usar notícias falsas ou chocantes para cativar e manipular o povo.
*Classificada na Rússia como uma organização extremista, cujas redes sociais são proibidas em seu território.




