Conflito na Ucrânia 'está colocando economia europeia de joelhos' - Entrevista RT

"Independentemente da vontade de Trump, independentemente da vontade de quem for, essa guerra está chegando ao fim", diz José Arbex, jornalista brasileiro, referindo-se ao conflito na Ucrânia. Ele explica que a economia europeia "já não suporta mais pagar" seu preço. O que a administração de Donald Trump implica para o conflito? Quanto tempo durará o cessar-fogo em Gaza? Descubra no programa Entrevista da RT.

José Arbex Jr. é um jornalista, escritor e professor brasileiro com uma carreira marcada principalmente pela cobertura de grandes acontecimentos internacionais.

Formado em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP), Arbex teve destaque no jornal Folha de S.Paulo, onde atuou como repórter e depois como editor de "Mundo", em 2000, sob orientação de Nicolau Sevcenko, defendeu sua tese de doutorado com "Telejornovelismo - mídia e história no contexto da Guerra do Golfo".

Descontente com o papel cada vez mais enviesado com a mídia hegemônica, osteriormente, trabalhou em vários órgãos como a revista Caros Amigos, tornando-se uma das figuras mais influentes do jornalismo alternativo no Brasil.

Como correspondente internacional, cobriu eventos históricos como a Revolução Sandinista na Nicarágua, a guerra civil em Angola, a queda do Muro de Berlim, o colapso da União Soviética, e a Guerra do Golfo.

Além do jornalismo, Arbex também se destacou como professor e autor de diversos livros sobre política, história e comunicação.


Período em Moscou

José Arbex foi o primeiro correspondente brasileiro na URSS durante a Perestroika, onde viveu entre 1988 e 1990.

Nesse período, vivenciou e escreveu sobre um dos períodos geopoliticamente mais conturbados da história, a catastrófica restauração do capitalismo durante o governo de Mikhail Gorbatchev que levaria à derrocada da URSS.

Queda do Muro, 9 de novembro de 1989

Milhões de pessoas queriam cruzar o muro de Berlim. Pessoal da Alemanha oriental queriam passar na Alemanha ocidental. Milhões de pessoas em ambos os lados da fronteira sonhavam com uma Berlim unida, mas isso só foi possível em 9 de novembro de 1989. O Muro de Berlim caiu e os berlinenses puderam mais uma vez circular livremente em sua cidade natal.

Quando o Muro de Berlim, que dividia a cidade, o país e a Europa, caiu em 9 de novembro de 1989, foi um momento de júbilo em todo o mundo. A barreira de concreto com arame farpado existia há três décadas, e sua destruição foi associada ao triunfo da democracia e da liberdade.

José Arbex Jr. era o único correspondente brasileiro na conferência de imprensa do governo da Alemanha Oriental quando foi anunciada a abertura da passagem entre as duas Berlins.

Eufórico, correu até a fronteira e viu a História acontecer: milhares de alemães orientais destruíram o Muro que dividia a atual capital alemã.

Acordo de cessar-fogo em Gaza

Para Arbex, o acordo "foi uma vitória absoluta do Hamas, do povo palestino. Essa não é uma vitória da estratégia de Trump, Biden ou Netanyahu, porque Israel perdeu totalmente".

O Hamas conseguiu recrutar o mesmo número de militares que ele perdeu, enquanto o Israel perdeu politicamente e militarmente. Israel se tornou um país isolado, é um país considerado "pária" por um mundo interior. Devido a essa guerra, Israel "revelou a sua verdadeira face. Claro que o povo palestino não vai abandonar a resistência em nenhuma. Se Israel continuar, a Palestina responderá de forma ainda mais severa", afirmou o jornalista.

Uma guerra do imperialismo

A guerra em Gaza é uma guerra do imperialismo. Israel foi ajudado pelos EUA, Reino Unido, França, Jordânia e Arábia Saudita. Sem a ajuda desses países, Israel teria caído no primeiro mês. As guerras no Vietnã, no Afeganistão e no Iraque não ensinaram nada aos EUA: é impossível derrotar um povo milenar.

Fim da hegemonia dos EUA

Os BRICS mostraram que a hegemonia dos EUA, iniciada após a Segunda Guerra Mundial, chegou ao fim. As tensões imperialistas aumentam com a ascensão da China. A China é hoje um importante parceiro econômico do mundo inteiro. O Chatbot de recrutamento DeepSeek também foi criado por uma empresa chinesa. Quando o TikTok foi desativado, milhões de pessoas passaram a usar a rede social chinesa RedNote.

Futuro do conflito entre Rússia e Ucrânia

"Não é a 'guerra da Ucrânia', é uma guerra da OTAN contra Rússia", afirmou o jornalista brasileira. O conflito na Ucrânia deixou a economia europeia "de joelhos". Devido às suas próprias sanções, a Alemanha compra gás russo e o envia a outros países que compram gás russo a um preço muito mais alto, em vez de pagar diretamente à Rússia.

Independentemente da vontade de Trump, o fim desse conflito está se aproximando, pois a economia europeia não suporta mais pagar seu preço.