
'Acredito mais na voz do que no papel': qual o impacto da poesia falada na sociedade? - Entrevista RT
Poeta, atriz e slammer, Luiza Romão, é autora dos livros Sangria, Também guardamos pedras aqui, Nadine. Vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Poesia e Melhor Livro do Ano; e Semifinalista do Prêmio Oceanos. Bacharela em Artes Cênicas e Mestra em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP). Pesquisa poesia em performance.

Desde 2013, ela participa de slam, um evento no qual muitas pessoas reunidas em um círculo recitam poesia. O slam no Brasil é diferente, pois ocorre principalmente em locais públicos. Um slam não é apenas uma competição, mas um evento colorido e emocionante que reúne poetas e público. O slam destaca o desempenho, o ritmo e a resposta à outra pessoa. Diferentemente de outras batalhas de rimas, o slam não tem acompanhamento musical e os poemas podem ser repetidos.
A sonoridade e o sentido se unem quando se trata de poesia falada. Em um slam, cada palavra, cada ritmo, cada pausa se torna parte de uma ação viva e pulsante. Aqui o texto não é apenas lido - ele é vivido, exalado, transformando-se em uma emoção que vibra no ar e ressoa no coração dos ouvintes. O slam não é apenas uma competição de palavras, é uma dança de som e significado, em que cada sílaba se torna um passo e cada apresentação se torna uma história única.
Importância da preservação da cultura oral
No Brasil, é essencial que as políticas públicas apoiem ativamente a leitura e o acesso à cultura, pois isso forma a base para o desenvolvimento da sociedade. Desde a colonização, a escrita e os livros passaram a dominar a tradição oral, em uma tentativa de "deslocá-la". Entretanto, a escrita não é apenas uma ferramenta para documentar e preservar a memória, mas também um desafio para a cultura oral, que perde sua singularidade quando tentamos "escrevê-la" para salvá-la da extinção.
A cultura oral vive em entonações, gestos, emoções, e sua essência não pode ser totalmente capturada no papel - ela exige uma abordagem diferente, respeito por sua natureza e sua capacidade de transmitir conhecimento por meio da palavra viva.
De acordo com Luza, as pessoas na América Latina vivem em contradição. "A formação canônica que temos diz muito pouco sobre nós. Temos que questionar os cânones literários, lê-los de forma crítica e tentar transformá-los" para criar um novo tipo de narrativa que fale sobre as pessoas, suas raízes e seu futuro.




