Enviado da COP30: 'Não temos muito tempo mais para fazer a reversão e evitar os pontos de não retorno' - Entrevista RT

"É muito importante restabelecer o multilateralismo porque as soluções ambientais, elas dependem de colaboração e não de competição", afirma Sérgio Xavier, enviado especial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que se realiza neste ano no Brasil. Em ‘Entrevista’, de RT, abordamos a transformação energética, o futuro da economia global e os esforços necessários para assegurar um desenvolvimento sustentável e mitigar os efeitos da crise climática.

Em entrevista à RT, Sérgio Xavier, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança Climática, emitiu um alerta contundente: "Não temos muito tempo mais para fazer a reversão e evitar os pontos de não retorno na Amazônia e em qualquer bioma".

Com mais de 30 anos de experiência em conferências climáticas, o especialista destacou que o tempo se tornou o recurso mais escasso na luta contra as mudanças climáticas, superando até mesmo as questões financeiras.

Esta urgência se deve à proximidade de colapsos irreversíveis nos sistemas naturais que sustentam a vida no planeta, ressaltou. 

"Aquele ponto é onde, mesmo que você replante, tente recuperar de maneira artificial aquele ecossistema, não é mais possível porque vem um desmoronamento do equilíbrio climático".

Ele citou exemplos como o branqueamento dos corais oceânicos, que "mata toda uma cadeia de vida dos oceanos" e é impossível reverter com a tecnologia atual. Estes colapsos desencadeiam efeitos em cascata que "desorganizam toda a vida do planeta", incluindo os ciclos hídricos e climáticos essenciais.

Diante deste cenário crítico, na entrevista, o especialista defendeu uma mudança radical de estratégia: acelerar soluções práticas, focar na transformação dos modelos econômicos e mobilizar as bases da sociedade.

A inversão proposta - das bases para o topo, ao invés do tradicional modelo top-down - representa a única esperança para evitar que ecossistemas inteiros atinjam esse limiar irreversível. "É muito importante restabelecer o multilateralismo porque as soluções ambientais, elas dependem de colaboração e não de competição", concluiu.