'Essa guerra fiscal colocada pelos Estados Unidos é uma estupidez que não tem tamanho' - Entrevista RT

"A relação comercial do Brasil com os Estados Unidos é bem mais favorável aos Estados Unidos do ao Brasil", diz Moisés Selerges, presidente do sindicato dos metalúrgicos da região do ABC Paulista. Em sua opinião, o Brasil deve diversificar seus mercados e garantir que a transição energética não signifique perda de empregos. Ele também aborda o papel dos investimentos chineses e reflete sobre o sucessor de Lula. Qual é a relação entre futebol e política? Descubra em 'Entrevista', da RT.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, caracterizou a guerra fiscal imposta pelos Estados Unidos ao Brasil como "uma estupidez que não tem tamanho", interpretando-a como parte de uma disputa geopolítica maior.

No entanto, ele enxerga nesse conflito comercial uma oportunidade para a reindustrialização nacional. Sua visão é de que o Brasil, sendo um país competitivo em diversos setores, pode e deve buscar novos mercados alternativos caso um parceiro comercial feche as portas.

O líder sindical defende que o governo adote uma postura de diálogo e negociação, mas de forma estratégica e racional –, sem replicar a postura que considera estúpida do governo americano –, e trabalhe para transformar uma ameaça externa em um impulso para fortalecer a indústria e a economia brasileiras.

Retomada da Indústria

Em meio aos esforços do Governo Federal para retomar a indústria nacional com o programa Nova Indústria Brasil, Moisés Selerges defendeu a participação dos trabalhadores nas discussões e a necessidade de uma transição energética justa.

Ele lembrou que a indústria de transformação, que já representou 35% do PIB, hoje responde apenas por cerca de 10%. Para reverter esse cenário, o sindicato apresentou propostas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com foco nos setores de saúde, automotivo e construção civil.

Um dos eixos do plano é fortalecer a produção interna –. reduzindo a dependência de importações, como ocorreu durante a pandemia –, de itens básicos, entre eles agulhas e respiradores.

Sobre a chegada de montadoras chinesas, Selerges afirmou que os investimentos são positivos, desde que se criem cadeias produtivas locais e gerem empregos no país, em vez de apenas montar peças importadas.