O analista internacional brasileiro Lejeune Mirhan não identifica diferenças significativas entre as gestões Trump e Biden no Oriente Médio, destacando a continuidade do apoio norte-americano ao que classifica como "genocídio do povo palestino". De acordo com Mirhan, Israel, liderado por Benjamin Netanyahu e uma coalizão de extrema direita, age com aval dos EUA – potência que não é contida pela comunidade internacional, inclusive pelo ineficaz Conselho de Segurança da ONU, que emite apenas "notas de repúdio".
"Não é Israel quem está cometendo o genocídio, são os Estados Unidos", criticou.
Queda da Síria e enfraquecimento do eixo de resistência
A derrubada de Bashar al-Assad representou um duro golpe para o eixo de resistência (Irã, Iraque, Síria, Líbano, Palestina e Iêmen), destacou o sociólogo. Mirhan contextualiza que a Síria era um Estado laico estratégico, crucial para o fluxo de apoio ao Hamas e ao Hezbollah.
Com a tomada do poder por grupos terroristas apoiados por EUA, Catar e Israel – agora em processo de reconhecimento internacional e suspensão de sanções –, o eixo encontra-se em um estado de vulnerabilidade.
Cenário regional e crítica às instituições internacionais
Apesar das adversidades, o professor ressalta a atuação dos Houthis no Iêmen como contraponto relevante, capazes de desafiar Israel e bloquear o Mar Vermelho. Quanto ao prolongamento da guerra em Gaza, Nirham atribui a Netanyahu a intenção de consolidar o projeto sionista através da colonização e ao negar a criação de um Estado palestino – proposta que considera "morta".
Sobre a ordem de prisão do TPI contra Netanyahu, o analista avalia a decisão como uma derrota simbólica para Israel, mas de impacto prático nulo, reforçando a percepção da ineficácia das instituições internacionais frente aos interesses geopolíticos dominantes.