
Ameaça dos EUA de guerra comercial 'pode levar ao isolamento' - Entrevista RT
Em um mundo onde o comércio entre países do sul global está crescendo mais do que entre o sul e o norte uma das propostas em discussão é a criação de uma moeda do BRICS para facilitar o intercâmbio comercial dentro do grupo, afirmou Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Mudanças Climáticas e Transição Energética do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES) em entrevista à RT.

O BNDES é um dos maiores bancos de fomento da América Latina, que, no ano passado, teve "uma injeção de crédito recorde da sua história", sobretudo na indústria, revelou Luciana Costa. Ela afirmou ainda que o banco teve um papel chave em todos os grandes saltos de industrialização ou de transformação da economia brasileira, além de ter contribuído para a reindustrialização verde do Brasil.
Os bancos chineses e o banco dos BRICS têm aumentado a participação, disse a diretora, indicando que, dessa forma, o Brasil está mais próximo do banco do BRICS, e dos bancos de desenvolvimento chineses.
"O Brasil também ocupa a presidência do BRICS. Uma das propostas em discussão é a criação de uma moeda para facilitar esse intercâmbio comercial dentro do bloco", disse ela, acrescentando que o BNDES vê essa iniciativa como um debate que "tem que acontecer, está acontecendo e é oportuno que aconteça em um mundo onde o comércio entre países do sul global está crescendo mais do que entre o sul e o norte". Segundo ela, esse tipo de moeda poderia facilitar a transação entre esses países, ajudando a reduzir o custo de transação.
"Os importadores, os exportadores, eles não teriam que comprar e vender dólar para depois comprar e vender a outra moeda. O exportador brasileiro venderia para o chinês usando essa moeda sem a necessidade de que ambos tenham que converter as respectivas moedas para o dólar. Isso facilitaria, não só facilitaria, como reduziria custo", afirmou a diretora.
Ela detalhou que essa moeda começaria mais como uma moeda operacional para transação, para depois, possivelmente virar uma reserva de valor em que os investidores internacionais migrariam.
"Essa moeda tem que ter credibilidade para virar uma reserva de valor para o investidor internacional", sublinou.
Luciana Costa explicou que o BNDES tem aumentado muito o diálogo com os bancos chineses de fomento.
"Esses bancos já são os maiores emprestadores para a América Latina, comparado com o BID e Banco Mundial. Então, são novos mercados, o BNDES se beneficia, o Brasil se beneficia", indicou.





