
Celso Amorim: 'Os BRICS são essenciais para que o G20 exista' - Entrevista RT
O embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ressaltou a importância do BRICS, descrevendo-o como "uma caixa de ressonância para as grandes demandas do Sul Global".
"O BRICS é um grande fórum de cooperação, que desperta imenso interesse positivo entre os países em desenvolvimento e, digamos, com certa cautela, senão medo, em grande parte dos países desenvolvidos [...] Acredito que o BRICS é muito importante. Acima de tudo, é um grupo de cooperação alternativo aos existentes. É um grupo que serve como um equilíbrio para o G7 em termos de governança global e, portanto, permite que o G20 seja um pouco mais representativo e equilibrado. E, digamos, é também uma caixa de ressonância para as principais demandas do Sul Global", afirmou Amorim em entrevista exclusiva à RT.
Ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil durante os dois primeiros mandatos de Lula (2003-2010) e ministro da Defesa no governo de Dilma Rousseff (2011-2014), Amorim destacou ainda uma das principais missões do BRICS: "defender o multilateralismo".

"Não se trata de atacar este ou aquele país, mas de defender o multilateralismo, onde todos podem se desenvolver; defender seus interesses de acordo com regras, sim, mas regras que são aceitas multilateralmente", afirmou.
Na entrevista, Amorim revelou que, na próxima cúpula do BRICS, marcada para o início de julho no Rio de Janeiro, serão realizadas "20 reuniões ministeriais", nas quais serão discutidos temas como energia, segurança nacional, inteligência artificial, finanças, entre outros.
As tarifas de Trump
Amorim também se referiu à guerra tarifária imposta pelo governo de Donald Trump, apontando que "as medidas adotadas são muito perigosas".
"Eu acho que essa questão das tarifas e da guerra comercial está, digamos, destruindo um dos pilares mais importantes do sistema multilateral criado após a Segunda Guerra Mundial. Acho que esse sistema multilateral é antigo e é bom substituí-lo ou, pelo menos, adaptá-lo à nova realidade internacional. E essa é a tarefa dos BRICS", disse.
O assessor acrescentou que o Brasil não deseja a continuidade dessa guerra comercial. "Todos perderão, inclusive os EUA, todos perderão. E isso pode ter consequências piores", alertou.
Integração na região
O embaixador também destacou que uma das prioridades da política externa brasileira é "a integração na América do Sul e a intensa cooperação em toda a América Latina e no Caribe".
Em relação a esse ponto, ele mencionou o fortalecimento de organizações regionais como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul).
"O Mercosul, a Unasul e a CELAC são círculos concêntricos da integração latino-americana e caribenha", afirmou.
Amorim também criticou a Organização dos Estados Americanos (OEA), um fórum de integração em que os países da região compartilham a mesa com os EUA e o Canadá, destacando que a organização "é uma coisa antiga" e "tem muitos aspectos que estão intimamente ligados à Guerra Fria".





