Frei Betto: O sistema ocidental prioriza a morte em vez da vida

Neste episódio de Conversando com Correa, Rafael Correa recebe Frei Betto, célebre teólogo e escritor brasileiro. Segundo nosso convidado, o sistema ocidental é assassino, pois prioriza o financiamento de armas e não a luta contra a fome ou as mudanças climáticas. Além disso, ele enfatiza que hoje vivemos em uma “globocolonização”: o domínio da sociedade capitalista, hedonista e consumista.

O sistema ocidental atual é "assassino" e "genocida", pois sempre encontra dinheiro para a morte, mas não o encontra para garantir a vida e combater a fome e os problemas climáticos, sustenta o teólogo e escritor brasileiro Carlos Alberto Libanio Christo, ou simplesmente Frei Betto.

Neste novo episódio de 'Conversando com Correa', ao comparar a América Latina de décadas atrás e a atual, o teólogo sustenta que hoje observamos "a mesma dominação do imperialismo" norte-americano.

"Temos uma desigualdade muito mais aprofundada, a desigualdade social não somente no Brasil, no mundo se agravou muitíssimo. E temos uma quarta dimensão do capitalismo, que é o capitalismo digital, que provoca um "afunilamento" [efeito funil, em português], cada vez mais riqueza concentrada em menos mãos", diz.

Frei Betto opina que, em tais condições, a ascensão da direita no mundo é "lógica". "Porque se há concentração do capital, tem que haver concentração do poder. Uma coisa está relacionada à outra, porque o poder, a política, sempre no capitalismo está a serviço do capital. Então, esta concentração do capital provoca a concentração do poder. Por isso, cada vez mais a gente vota na direita", explica.

"Um sistema genocida" ocidental

Ao comentar o sistema que se formou no Ocidente, o teólogo o classifica como "necrofílico".

"Quando se pede aos países da Europa Ocidental uma contribuição para combater a fome, 'não temos dinheiro'; uma contribuição para combater a crise climática, 'não temos dinheiro'; uma contribuição para aumentar os armamentos, agora sim temos dinheiro, 800 bilhões de euros. É dinheiro demais para a morte", relata.

"Não há dinheiro para a vida, mas há dinheiro para a morte. Essa é a lógica deste sistema. Um sistema necrofílico, um sistema assassino, um sistema genocida".

O escritor aponta também que os países europeus são culpados pela migração com a qual lutam. "A culpa da migração é desses países da Europa Ocidental, porque o que fizeram quando colonizaram a África, a Ásia, o Oriente Médio, agora estão colhendo os frutos, porque extraíram toda a riqueza e deixaram miséria e pobreza", afirmou.