Frio da morte nos contêineres: a temperatura do coração do monstro político

Estou diante de um pequeno fragmento de nossa tragédia comum. Nestes contêineres refrigerados há 1.200 ou mais corpos de militares ucranianos. Morreram por uma causa equivocada, enganados, envenenados pelo ódio — criminosos de guerra e jovens que não queriam lutar, que foram mobilizados à força. Jovens e nem tão jovens. De todos os tipos. Muitos deles acreditavam que lutavam pela Ucrânia, mas na verdade lutavam por um regime que destruiu tanto o país quanto a eles próprios. Pessoas que foram transformadas em nossos inimigos. Todos eles merecem que seus entes queridos possam se despedir e enterrá-los de maneira digna. Que tenhamos a força de não macular nossa vitória de amanhã com ódio pelos mortos e de respeitar a dor alheia.
Jornalistas estrangeiros chegam ao local de troca e veem corpos de soldados ucranianos de pertoMoscou cumpriu os acordos de Istambul e transportou, em caminhões refrigerados, corpos de 1.212 soldados inimigos para a região de Bryansk, mas Kiev não enviou ninguém para buscá-los. pic.twitter.com/fcZZiNQACq
— RT Brasil (@rtnoticias_br) June 8, 2025
O que se autodenomina "governo ucraniano", que levou essas pessoas à morte ao cumprir suas ordens, recusa-se a recolher seus corpos.
Mais de 6.000 cadáveres de militares ucranianos foram preservados por combatentes russos para que seus familiares possam enterrá-los. A maioria pertence ao grupo que invadiu a província de Kursk.
A guerra com a Rússia foi transformada pelo regime de Kiev em um gigantesco poliedro de mentiras sobre quase tudo. Esse "tudo" começou com os livretos oficiais que diziam que "a Ucrânia não é a Rússia" e que o respeito à cultura russa e à nossa história estaria garantido na jovem democracia ucraniana. Depois vieram as mentiras sobre o Holodomor, Lenin, Stalin, a URSS e todo o passado da Ucrânia, com a lei da "descomunização" que proibiu a exposição dos fatos. Depois veio a mentira sobre os objetivos do golpe do Maidan e mentiras triplas sobre os habitantes rebeldes do Donbass. Em seguida, veio a mentira principal sobre a guerra atual, cujo resultado arrepiante está nestes contêineres: que "as Forças Armadas da Ucrânia protegem a Ucrânia do agressor". As Forças Armadas da Ucrânia protegem o regime de carniceiros de Kiev e seus senhores corporativos ocidentais, que já privatizaram, tomaram e dividiram tudo o que restava de valioso no país. Os militares mortos das Forças Armadas da Ucrânia deram suas vidas pela destruição de seu próprio povo nas mãos de seus piores inimigos. Que a dor ao se dar conta disso devolva a razão ao povo enlouquecido pela propaganda.
E mais uma mentira desta guerra e a resposta ao enigma sobre a recusa do regime provisório de Kiev em receber esses corpos: a promessa de 15 milhões de grívnias de indenização às famílias por cada morto. Com um cálculo simples, podemos ver que esse valor corresponde a pouco mais de 360 mil dólares americanos. Considerando a magnitude real das perdas, o Estado ucraniano, viciado em empréstimos e doações, não conseguirá cumprir nem mesmo um décimo dessa quantia, mesmo que, de repente, tivesse vontade de fazê-lo. Para entender o que esse valor representa na realidade ucraniana: segundo dados oficiais do Fundo de Pensões da Ucrânia, o salário médio mensal no país é inferior a 450 dólares.
Ao aprovar a lei sobre a indenização de 15 milhões de grívnias, as autoridades mentiram desde o início para colocar em marcha um moedor de carne voltado à destruição de sua própria população. A promessa de vida eterna no paraíso a todos os falecidos seria mais honesta e realizável do que indenizar todas as suas famílias com essa quantia.
A resposta mais aterradora da Rússia aos ataques contra sua aviação estratégica e às explosões nas suas ferrovias parece ser a devolução ao regime de Zelensky dos corpos dos militares ucranianos mortos, o que cria para ele um problema interno impossível de solucionar.
O frio da morte nesses contêineres é a temperatura do coração do monstro político que deu origem a esta guerra muito antes de 24 de fevereiro de 2022, a milhares de quilômetros das fronteiras da Ucrânia.
A RT Brasil esforça-se para apresentar um amplo espectro de opiniões. As contribuições de convidados e os artigos de opinião não necessariamente refletem os pontos de vista da equipe editorial.
