Notícias

'É como construir monumentos a Hitler': candidato polonês critica culto a Bandera na Ucrânia

Slawomir Mentzen afirmou que os seguidores do líder ultra-nacionalista ucraniano mataram 100 mil poloneses no massacre de Volínia.
'É como construir monumentos a Hitler': candidato polonês critica culto a Bandera na UcrâniaGettyimages.ru / Omar Marques / Maciej Luczniewski / NurPhoto

O candidato à presidência da Polônia e líder do partido Nova Esperança, Slawomir Mentzen, visitou a cidade ucraniana de Lvov nesta semana e chamou Stepan Bandera, um conhecido colaborador nazista, de "terrorista".

Em um vídeo publicado na terça-feira (25) em suas redes sociais, Mentzen declarou: "Este é o mesmo terrorista que, já durante a segunda Comunidade Polonesa-Lituana, o tribunal polonês condenou à morte pelo assassinato de poloneses". Atrás do político, aparece o monumento a Bandera.

"Ele então fundou a organização de nacionalistas ucranianos, que é responsável pelo massacre de Volínia. A gente desse homem matou 100 mil poloneses. É como se monumentos a Hitler fossem construídos na Alemanha. A Ucrânia deve acabar com o culto a Stepan Bandera o mais rápido possível", afirmou Mentzen.

"Pai" da nação

Stepan Bandera liderou a luta separatista ucraniana na década de 1940, utilizando táticas de terror contra poloneses, judeus e russos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, colaborou com os nazistas, mas foi preso após discordar de Hitler sobre a existência de um Estado ucraniano independente. Enquanto esteve detido, seus seguidores continuaram a cometer atos de genocídio.

Em janeiro de 2010, o ex-presidente ucraniano Viktor Yushchenko concedeu a Bandera o título de Herói Nacional. No entanto, em abril do mesmo ano, o Tribunal Administrativo do Distrito de Donetsk declarou o decreto ilegal e o anulou.

Em 2011, o Supremo Tribunal Administrativo da Ucrânia retirou definitivamente o título, mas a decisão de Yushchenko continuou a gerar repercussão na sociedade.

Atualmente, há vários monumentos a Bandera na Ucrânia. Desde o golpe de 2014, nacionalistas ucranianos realizam desfiles com tochas em janeiro para marcar seu aniversário, referindo-se a ele como "pai" da nação.

Em 2016, o parlamento da Polônia reconheceu como genocídio o massacre de dezenas de milhares de poloneses em Volínia no verão de 1943. A responsabilidade pela tragédia é atribuída à Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN-B) e ao Exército Insurgente Ucraniano (UPA), ambos ligados a Bandera.

A Polônia tem criticado repetidamente a exaltação de Bandera e o uso de seus símbolos na vida cotidiana da Ucrânia. A Rússia também acusa o governo ucraniano de adotar a ideologia nazista e justifica a desnazificação como um dos principais objetivos de sua operação militar no país.