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Quem é o policial preso suspeito de lavar dinheiro do PCC?

Investigação aponta que ele atuava em esquema bilionário com empresas financeiras digitais; depoimento de Vinicius Gritzbach foi crucial para a prisão do policial.
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O policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior, acusado de liderar um esquema bilionário de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de empresas financeiras digitais, foi detido na terça-feira (25).

A prisão foi realizada pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal. A investigação contou com o depoimento de Vinicius Gritzbach, suspeito de lavar dinheiro para a facção e assassinado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro do ano passado.

Elia Junior atuou no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e já havia sido preso em 26 de novembro de 2024 durante a Operação Tai-Pan, da Polícia Federal, que investigava crimes financeiros que movimentaram R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos.

Ele foi solto em janeiro por decisão da Justiça Federal e afastado das funções enquanto era investigado pela Corregedoria da Polícia Civil.

Segundo o depoimento de Gritzbach, altos membros do PCC usaram o Banco 2GO, uma empresa de financiamento digital, para lavar dinheiro na compra de imóveis de luxo. Entre os supostos aliados de Elia Junior estavam Rafael Maeda, o "Japa", e Anselmo Santa Fausta, o "Cara Preta", ambos mortos.

O Ministério Público informou que essas empresas ofereciam serviços financeiros alternativos aos bancos tradicionais e usavam estratégias de engenharia financeira para ocultar os reais beneficiários dos fundos transferidos.

Cifras milhonárias

A Polícia Federal apontou que o Banco 2GO movimentou R$ 4 bilhões em três anos e tinha cerca de 20 mil clientes.

Gritzbach revelou que as transações eram registradas em nome de sua empresa, ocultando os verdadeiros responsáveis e protegendo criminosos.

Investigadores destacaram que falhas na regulamentação permitem que essas operações fiquem fora do monitoramento do Banco Central.

Eles também apontaram que o Banco 2GO e seus clientes usaram beneficiários do Bolsa Família para lavar dinheiro.

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicou que beneficiários do programa fizeram transferências atípicas, com valores muito superiores ao auxílio recebido.

As autoridades investigam se essas pessoas faziam parte da rede criminosa ou foram usadas em um esquema de fraude.