
'Cometi atos abomináveis', confessa médico que estuprou quase 300 crianças

O tribunal criminal de Vannes, no departamento francês de Morbihan, iniciou na segunda-feira (24) o julgamento de Joël Le Scouarnec, acusado de estupro e violência sexual agravada contra 299 vítimas, a maioria menores de idade, no maior caso de pedofilia da França.

"Se estou aqui hoje, é porque cometi atos abomináveis quando a maioria [das vítimas] era apenas criança", declarou Le Scouarnec, segundo a imprensa nesta terça-feira.
O acusado, um cirurgião aposentado de 74 anos, pode receber uma pena máxima de 20 anos de prisão pelos estupros e agressões sexuais cometidos ao longo de 30 anos.
A preparação desse julgamento "extraordinário" durou mais de dois anos e deve se estender até 6 de junho.
O advogado de defesa, Maxime Tessier, afirmou no início do julgamento que seu cliente "reconhece sua responsabilidade na grande maioria dos fatos" e que "não tenta fugir de suas responsabilidades".
256 vítimas menores de 15 anos
Le Scouarnec foi acusado de 111 casos de estupro e 189 de agressão sexual entre 1989 e 2014, agravados pelo abuso de sua posição como médico. Das 299 vítimas, 256 tinham menos de 15 anos. Muitas foram estupradas sob anestesia e não tinham conhecimento dos crimes na época.
A idade média das vítimas era de 11 anos, mas as acusações incluem o estupro de um bebê de um ano e a agressão sexual a uma paciente de 70 anos.
Segundo o promotor de Lorient, Stéphane Kellenberger, que conduzirá a acusação em Vannes, Le Scouarnec já havia sido condenado a quatro meses de prisão suspensa em outubro de 2005 por posse de pornografia infantil, mas continuou trabalhando.
Seus crimes só vieram à tona em 2017, após uma denúncia de um vizinho de seis anos, que ele havia agredido e estuprado na cidade de Jonzac.
Evidências chocantes
Em sua casa, foram encontradas dezenas de bonecas, mais de 300 mil imagens de pedofilia e milhares de páginas com nomes, idades, endereços das vítimas e relatos detalhados dos abusos.
Le Scouarnec se autodenominava "pedófilo" e escreveu em um de seus cadernos: "Enquanto fumava meu cigarro matinal, refleti sobre o fato de que sou um grande pervertido. Sou ao mesmo tempo um exibicionista, voyeurista, sádico, masoquista, escatológico, fetichista e pedófilo. E estou muito feliz com isso".
Em 2020, ele foi condenado a 15 anos de prisão pelo estupro e abuso sexual de quatro menores, incluindo duas sobrinhas. Os crimes em julgamento agora ocorreram entre 1989 e 2014 em hospitais no oeste da França.

