Conservador Merz vence as eleições alemãs e AfD alcança resultado histórico

Os cidadãos alemães foram às urnas no domingo em uma eleição antecipada para definir um novo Bundestag (parlamento do país), com as pesquisas de boca-de-urna mostrando a União Democrata Cristã (CDU) de centro-direita liderando as pesquisas, seguida pela Alternativa para a Alemanha (AfD) de direita, que ficou em um segundo lugar histórico.
Em detalhes, a pesquisa da ARD mostra que a CDU tem o apoio de 28,8% dos eleitores, enquanto a AfD recebeu 20,2% dos votos. Em terceiro lugar está o Partido Social Democrata (SPD), liderado pelo atual chanceler, Olaf Scholz, com 16,2% dos votos, seguido pelos Verdes, apoiados por 12,7% dos eleitores, de acordo com a pesquisa. Além disso, o partido de esquerda conseguiu entrar no Bundestag ao receber 8,5% dos votos, ultrapassando assim o limite de 5%, segundo a pesquisa.
As eleições foram realizadas com um comparecimento historicamente alto: 83% ou 84% dos eleitores foram às seções eleitorais, de acordo com dados da ZDF e da ARD, respectivamente.
Resultado define quem será o chanceler
Neste dia, os alemães não apenas tomaram uma decisão sobre como o Bundestag será configurado a partir de agora, mas também mostraram suas preferências sobre o futuro chanceler federal, que deve ser eleito por uma maioria no Bundestag. O partido que as pesquisas de boca de urna projetam como vencedor é liderado por Friedrich Merz, um adversário de longa data da ex-chanceler Angela Merkel.
Merz se descreve como socialmente conservador e economicamente liberal. O político prometeu várias vezes reduzir os impostos corporativos, diminuir a burocracia e cortar os benefícios sociais.
No ano passado, Merz prometeu fornecer à Ucrânia mísseis Taurus de longo alcance se ganhasse, uma medida à qual o atual governo resistiu. O líder da CDU é a favor de uma política de imigração mais rígida, mas sua proposta de aumentar os controles foi rejeitada pelo parlamento alemão no final de janeiro.

Momento crítico
As eleições ocorreram após o chanceler Olaf Scholz demitir o ministro das finanças alemão, Christian Lindner, no ano passado, causando o colapso do governo de coalizão. Scholz perdeu um voto de confiança, o que levou o país a convocar eleições seis meses antes do previsto.
As eleições ocorrem em um momento decisivo para a Alemanha. O estado alemão está enfrentando uma grave crise migratória, com o nível de crimes cometidos por migrantes aumentando em um terço em 2023.
A indústria do país europeu também continua a encolher, com a Volkswagen, o maior grupo automotivo da Europa, anunciando 35.000 cortes de empregos em todo o país.
Além dos problemas mencionados acima, o novo chanceler terá que lidar com um novo esfriamento das relações transatlânticas. O governo Trump pretende impor tarifas sobre produtos da UE, bem como colocar o principal ônus do apoio à Ucrânia sobre a Europa.