
Líder caribenho detona chefe da UE e exige reparações por escravidão

Ex-potências coloniais devem pedir desculpas e pagar reparações por seu papel histórico na escravização dos africanos, declarou o primeiro-ministro da ilha caribenha de Granada, Dickon Mitchell, à presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen.

"Não quero ser indelicado, mas vou lhe dizer: a questão das reparações pelo comércio transatlântico de escravos e pela escravização de africanos [...] é algo que abordaremos com você", disse Mitchell a Von der Leyen na quarta-feira (19), na 48ª reunião de chefes de governo da Comunidade do Caribe (Caricom) em Barbados.
O primeiro-ministro de Granada exigiu que "desculpas e indenizações adequadas" fossem "pagas" e que a comunidade internacional firmasse um compromisso para evitar que isso ocorra novamente.
"Como descendentes de pessoas que lutaram para se libertar da escravidão, devemos, a nós mesmos e às futuras gerações da humanidade, garantir que o comércio transatlântico de escravos e a escravização de africanos no Caribe, na América Latina, na América Central, na América do Sul e na América do Norte sejam reconhecidos como um crime contra a humanidade", apelou.
A chefe da Comissão Europeia, por sua vez, que participou da reunião pela primeira vez, admitiu que "a escravidão é um crime contra a humanidade", mas não abordou a questão das reparações.
Pedidos de reparação
Segundo a ONU, pelo menos 15 milhões de africanos foram subjugados, sequestrados e transportados à força em navios, em sua maioria europeus, para serem vendidos como escravos nas Américas entre os séculos XV e XIX.
Os pedidos de reparações pela escravidão e pelo colonialismo ganharam força em todo o mundo, especialmente entre a Caricom e a União Africana (UA).
A Caricom possui seu próprio plano de reparações em dez pontos que incluem pedidos públicos de desculpas por parte das ex-potências escravagistas europeias, reconhecimento do genocídio de comunidades nativas, cancelamento de dívidas públicas e a repatriação de pessoas para as nações africanas caso elas desejem.
