
Incrível: cientistas introduzem genes da linguagem humana em ratos

A incorporação de uma variante humana do gene NOVA1, chamada I197V, em camundongos alterou a forma como os roedores se comunicam, sugerindo que esse gene pode ter tido um papel importante no surgimento da linguagem falada em nossa espécie.
A informação foi divulgada pela Universidade Rockefeller, em Nova York, na terça-feira.
Pesquisas feitas no início da década de 1990 revelaram que o NOVA1 produz uma proteína de ligação ao RNA nos neurônios, influenciando o desenvolvimento do cérebro e o controle neuromuscular, fundamentais para a fala.
Foi descoberto também que a variante I197V difere da encontrada em outros mamíferos e aves por um único aminoácido.

Ao examinar a função do gene NOVA1 em roedores, os cientistas identificaram sua atividade no cérebro dos animais, especialmente no mesencéfalo, onde pode regular uma via associada ao controle motor do trato vocal.
Descoberta fascinante
Como parte do estudo da Universidade de Nova York, publicado na revista Nature Communications, os cientistas decidiram introduzir a variante I197V no DNA de camundongos por meio da técnica de edição genética CRISPR para testar se isso alteraria sua vocalização.
Normalmente, filhotes de camundongo emitem sons na faixa ultrassônica, semelhantes às sílabas da linguagem humana, para atrair a atenção das mães, enquanto os machos adultos vocalizam para cortejar as fêmeas.
Os cientistas observaram que os camundongos que receberam a variante do gene humano produziram sons mais complexos em comparação com aqueles que não a tinham.
Especificamente, os filhotes geneticamente modificados emitiram sons mais agudos e variados, enquanto os machos adultos apresentaram maior variação de tom e timbre.
"O que me chamou particularmente a atenção foi que a substituição de um único aminoácido pode alterar esse comportamento de alto nível em um camundongo", afirmou a pesquisadora Yoko Tajima.

Os pesquisadores também descobriram que o gene humano NOVA1 modificou a estrutura de genes envolvidos na vocalização e em distúrbios da fala.
Além disso, para confirmar que a variante I197V é exclusiva dos humanos modernos, foi feita uma análise dos genomas de Neandertais e Denisovanos, duas espécies extintas.
Os cientistas constataram que essas linhagens antigas não possuíam essa variante, embora ela já estivesse presente nos genomas de mais de 650 mil pessoas em todo o mundo.
No entanto, apenas seis genomas analisados tinham a versão original do gene NOVA1. Essas descobertas levaram os pesquisadores a teorizar que a linguagem surgiu por meio de mutações genéticas ao longo de milhões de anos.
Novos estudos serão conduzidos para entender melhor como o NOVA1 regula a função da linguagem.