
País do BRICS pode fechar acordo nuclear com Rússia e Irã, desafiando pressão dos EUA

A África do Sul avalia expandir sua capacidade de energia nuclear civil por meio de novos acordos com a Rússia ou o Irã, afirmou à Reuters o ministro sul-africano de Recursos Minerais e Petrolíferos, Gwede Mantashe.
O país passou a ser analisada por Washington após o presidente Donald Trump emitiu uma ordem executiva para cortar a ajuda financeira ao país. Segundo informações, a África do Sul está "fortalecendo os laços com o Irã para promover o comércio e a cooperação militar e nuclear".

A administração do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa disse que Pretória não tem acordos bilaterais com o Irã sobre energia nuclear ou tecnologias relacionadas. Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA não quis comentar sobre a possibilidade de o Irã ou a Rússia ajudarem a África do Sul a desenvolver suas capacidades nucleares civis.
A licitação da África do Sul para projetos nucleares, originalmente programada para o ano passado, foi adiada devido ao litígio iniciado pelo então partido de oposição Aliança Democrática, que agora faz parte do governo de coalizão.
As ambições nucleares da África do Sul
O país abriga a única usina nuclear do continente africano e planeja aumentar sua capacidade em 2.500 megawatts para reduzir as falhas no fornecimento de energia que impactam a economia, além de diminuir as emissões de carbono.
Analistas temem que essa reavaliação agrave as já delicadas relações com os Estados Unidos, sobretudo após a recente decisão do presidente Donald Trump de cortar a ajuda financeira à África do Sul.
Mantashe, um defensor da energia nuclear no país, ressaltou que, como membro do BRICS, a África do Sul não pode aceitar restrições que impeçam empresas russas ou iranianas de participarem das licitações.
Ele destacou que a escolha do fornecedor será baseada exclusivamente nos benefícios da proposta, independentemente da origem da empresa.
Negociações que estão em andamento há quase uma década
As negociações entre a África do Sul e os EUA sobre um novo acordo nuclear ("Seção 123"), necessário para a exportação de combustível e equipamentos nucleares dos EUA, estão ameaçadas pela ordem executiva de Trump. Apesar da conclusão das negociações em nível técnico, a assinatura foi adiada, e a falta de um acordo pode prejudicar a compra de combustível para a usina nuclear de Koeberg e o investimento dos EUA no setor de energia nuclear da África do Sul.
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