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'Se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual é a reclamação então?': Milei se defende após o 'criptogate'

O presidente da Argentina reiterou que não tinha conhecimento de um possível golpe milionário com tokens de $Libra. "Não tenho nada a esconder", garantiu ele e disse que, ao divulgar o acordo, agiu "de boa fé".
'Se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual é a reclamação então?': Milei se defende após o 'criptogate'AP / Natacha Pisarenko

O presidente da Argentina, Javier Milei, deu sua primeira entrevista na segunda-feira após o escândalo desencadeado pelo golpe milionário cometido por meio da criptomoeda $Libra, que ele mesmo promoveu e que afetou mais de 40.000 investidores no mundo do bitcoin.

O presidente voltou a defender sua inocência, como fez no último fim de semana por meio de suas redes sociais, mas desta vez em uma entrevista ao canal Todo Noticias (TN).

Milei garantiu que agiu "de boa fé", por querer apoiar um tipo de empreendimento que, segundo ele, não tem financiamento no país. "Quando você olha o universo dos empreendedores digitais, de inteligência artificial ou programadores, é um segmento que está no setor informal", disse.

"Eu não tive nada a ver com isso"

"Por querer dar uma mãozinha aos argentinos, levei um tapa na cara", afirmou e sustentou que seu comportamento "não prejudica" sua credibilidade.

Com relação ao setor de criptografia e sua suposta "informalidade", ele disse: "Aqueles que 'branqueiam' parte de sua atividade, fazem isso no mínimo. Isso significa que eles não têm financiamento e não podem crescer. A Argentina não tem um mercado de capitais, como nos EUA, portanto, eles vêm até mim e me fazem propostas".

Foi nesse contexto que ele conheceu Hayden Mark Davis, o homem por trás do golpe milionário que alegava ser um "consultor" do governo argentino. O presidente se reuniu com esse jovem norte-americano em outubro do ano passado, o que deu início a um projeto que acabaria em escândalo. "Ele me propôs financiar um projeto que iria impulsionar o crescimento econômico (do país). Achei que era uma ferramenta interessante. Caso contrário, eles não conseguiriam obter financiamento. Foi por isso que eu o divulguei", explicou.

"Comerciantes de volatilidade"

De acordo com Milei, as pessoas afetadas pelo golpe não são 44.000, mas mal chegam a 5.000, e quase nenhuma delas é argentina. De acordo com Milei, "a grande maioria são norte-americanos e chineses".
Ele também observou que são pessoas "especializadas" nesse tipo de instrumento, razão pela qual investiram no token "voluntariamente" e "sabiam muito bem" o que estavam fazendo.

O líder libertário afirmou que as vítimas do golpe são "operadores de volatilidade", que se arriscaram para obter lucro e fracassaram. "Se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual é a reclamação?", perguntou retoricamente.

Milei procurou se desvincular da fraude apesar do fato de que na sexta-feira passada, poucos minutos após o lançamento da $Libra no mercado, ele postou uma mensagem em suas redes sociais convidando para investir nessa criptomoeda. "Eu não a promovi, eu a divulguei", disse e afirmou que o fez como um ‘fanático por tecnologia’ que deseja que a Argentina se torne um lugar para desenvolver essas atividades.