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Relatório da OEA sobre Moraes pode causar ofensiva inédita de Trump contra Brasil, diz jornalista
O relatório, que deverá avaliar possíveis "arbitrariedades" em decisões do ministro da STF, poderia ser usado como pretexto para a administração Trump endurecer sua posição em relação ao Brasil.
O relatório sobre o ministro do STF, Alexandre de Moraes, que está sendo preparado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), pode agravar as tensões já existentes entre os Estados Unidos e o Brasil, alertou o jornalista Paulo Cappelli, em um artigo publicado no portal Metrópoles nesta segunda-feira (17), citando palavras do próprio relator sobre as acusações.
De acordo com Cappelli, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, não esconde sua intenção de intensificar as críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sendo aliado de Bolsonaro e opositor do atual presidente brasileiro.
Justificativa para as medidas rigorosas
O jornalista sugeriu que, caso o relatório da OEA aponte "arbitrariedades" nas decisões de Moraes, a administração norte-americana poderia usar esse documento como justificativa para adotar medidas duras contra o Brasil.
Cappelli observou que, no círculo próximo a Trump, há ao menos duas pessoas que chamam o governo Lula de "ditadura", acusando-o de "perseguir opositores" e de "censurar" as redes sociais.
Uma dessas figuras é o empresário Elon Musk, que, segundo especulações, tem grande influência nas decisões da administração americana. Musk tem razões pessoais para entrar em confronto com Moraes, uma vez que a rede social X, de sua propriedade, foi bloqueada por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Além disso, Musk foi alvo de críticas duras da primeira-dama brasileira, Janja Lula da Silva, que, em um evento do G20, disse: "Fuck you, Elon Musk".
O outro nome citado por Cappelli é Jason Miller, que teria desempenhado um papel importante na campanha de Trump e ajudado a trazer o ex-presidente de volta ao poder.
Em 2021, Miller foi detido por ordem de Moraes no Brasil, sendo interrogado pela Polícia Federal no âmbito da investigação que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Expectativas para o relatório
Cappelli comentou que o relatório da OEA, ainda em preparação, pode ter um tom "robusto", uma vez que os Estados Unidos exercem grande influência sobre a organização, sendo o principal financiador da OEA.
"Um relatório que os Estados Unidos considerem insatisfatório em relação à realidade do Brasil seria o pretexto para Trump cortar o financiamento da organização", afirmou o jornalista.
Ele também mencionou declarações do relator da OEA, Pedro Vaca Villarreal, que, em entrevista ao Metrópoles, disse que "o tom das acusações contra o ministro do STF é realmente impressionante".