Conferência de Munique foi 'um pesadelo', diz organizador

O presidente da conferência mostrou decepção com a postura dos EUA, e destacou divisões transatlânticas, enquanto líderes da UE reafirmaram apoio à Ucrânia.

O presidente da Conferência de Segurança de Munique, Christoph Heusgen, classificou os resultados do encontro da semana passada como um "pesadelo" para os aliados europeus dos Estados Unidos.

A crítica foi direcionada aos comentários feitos pelo vice-presidente americano, J.D. Vance, que afirmou que os países da União Europeia estariam cada vez mais se assemelhando à ex-URSS, especialmente em relação à supressão da dissidência e ao distanciamento das elites de seus eleitores.

Vance ressaltou que, se essa tendência continuar, os EUA poderiam retirar seu apoio aos aliados europeus.

Clareza sobre a posição do governo Trump

Em uma entrevista à ZDF, Heusgen disse que, no mínimo, os europeus agora possuem "clareza sobre a posição" do governo Trump. Ele reconheceu que alguns senadores republicanos reafirmaram seu compromisso com a "unidade transatlântica", em contraste com as opiniões de Vance, mas observou que muitos deles também foram cautelosos em suas declarações públicas.

Apoio à Ucrânia e a dificuldade de uma "força militar europeia"

Durante a conferência, autoridades da União Europeia reiteraram seu compromisso em apoiar a Ucrânia, enquanto o líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky, pediu um exército europeu unido, sugerindo que a Ucrânia poderia desempenhar um "papel importante" em tal iniciativa.

Heusgen aconselhou os europeus a "fazer o que Zelensky diz" e a manterem-se unidos, apesar das divergências internas. Alguns países da UE, como a Polônia, ainda demonstram ceticismo quanto à ideia de uma força militar transnacional que pudesse substituir a OTAN.

O governo de Donald Trump não deu indicações de que poderia envolver a OTAN ou os Estados Unidos em quaisquer acordos de segurança futuros para a Ucrânia, caso um cessar-fogo com a Rússia seja alcançado.

Além disso, Washington mostrou interesse em recuperar os gastos com o conflito por meio do acesso a recursos minerais sob o controle da Ucrânia.

Em seu discurso final em Munique, Heusgen chorou ao falar sobre as crescentes pressões sobre a "ordem baseada em regras", pedindo que os políticos da União Europeia a mantivessem, apesar das visíveis divisões com os Estados Unidos.