
EUA lançaram 'ataque frontal contra valores ocidentais', reclama vice-chanceler alemão

O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu governo lançaram "um ataque frontal contra comunidade de valores do Ocidente", declarou no domingo Robert Habeck, vice-chanceler da Alemanha e candidato a chanceler pelo Partido Verde.

O político alemão comentou sobre a decisão de Washington de negociar um acordo de paz com Moscou no âmbito do conflito russo-ucraniano, bem como o discurso de sexta-feira do vice-presidente dos EUA, James D. Vance, na 61ª Conferência de Segurança de Munique, no qual ele criticou fortemente o estado da democracia europeia.
"O que aconteceu nas últimas semanas e na Conferência de Segurança de Munique não pode ser subestimado porque o governo Trump está lançando um ataque frontal à comunidade de valores ocidentais”, afirmou ele durante os debates eleitorais.
Negociações de paz
Para Habeck, os EUA estão "subvertendo o que veio da América para a Europa: o estado de direito, as democracias liberais e a ordem baseada em regras".
Segundo ele, Washington "não tem nenhum problema em fazer um acordo" com o presidente russo, Vladimir Putin, o que ele considera um "enorme problema" que não pode ser ignorado pelos demais países.
Ele declarou que a base dos valores democráticos é a limitação do poder, mas alegou que algumas lideranças globais não seguem essa lógica: "Essas pessoas têm uma coisa em comum: eu tenho o maior exército, o que significa que posso assumir o controle do país. Sou o homem mais rico - isso significa que quero ficar ainda mais rico. Tenho o mercado mais poderoso, o que significa que ignoro todas as regras do mercado", afirmou.
Diante desse cenário, Habeck defendeu a "unidade na Europa" e afirmou que a União Europeia não deve "se rebaixar diante dos EUA".
O vice-chanceler destacou que Berlim tem apoiado a Ucrânia "com muita firmeza" há quase três anos e criticou o fato de que "norte-americanos e russos querem determinar o destino da Ucrânia, inicialmente até mesmo na Arábia Saudita, sem a Ucrânia e, mais ainda, dispensando os europeus".
- Na última quarta-feira, Putin e Trump tiveram sua primeira conversa telefônica após o republicano assumir seu segundo mandato. O diálogo se concentrou em iniciar o trabalho para chegar a um acordo sobre possíveis soluções para o conflito ucraniano. Por sua vez, a UE pediu para ser incluída nas discussões sobre a questão ucraniana e solicitou "uma paz que garanta tanto os interesses da Ucrânia quanto os seus próprios".