China começa a preencher vácuo global deixado pela USAID

Trabalhadores humanitários começaram a notar a atuação chinesa em programas sociais, e pode marcar maior presença em regiões asiáticas e na América Latina.

Enquanto a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) "faz as malas" e abandona os projetos de ajuda no exterior após a suspensão de seu financiamento governamental pelo governo de Donald Trump, a China já está de olho no "vácuo" e toma medidas para preencher o vazio deixado pela organização norte-americana em todo o mundo, do Indo-Pacífico à América do Sul, informa a imprensa dos EUA.

A tendência se tornou mais evidente nas últimas semanas, sendo que os observadores norte-americanos das políticas de Pequim e os trabalhadores humanitários foram os primeiros a perceber as ações do governo chinês.

"A China já está buscando parceiros", comentou Francisco Bencosme, responsável sobre a política da China na USAID durante o governo Biden, à mídia Politico. "Eles preencherão a lacuna em lugares como Camboja e Nepal, e esses são apenas os lugares que conhecemos", indicou.

No Nepal, representantes chineses transmitiram aos principais partidos comunistas do país que Pequim está disposta a prestar assistência à nação caso ela enfrente desafios em setores-chave como assistência humanitária, saúde e educação, informou o jornal nepalês The Annapurna Express na semana passada.

Na Colômbia, que recebeu cerca de US$ 280 milhões em financiamento da USAID em 2024, vários funcionários de ONGs financiadas pela agência norte-americana entrevistados pelo La Silla Vacía começaram a procurar outras fontes de renda para substituir essa ajuda e, se a China entrar em contato com eles, não planejam recusar. "De repente, os chineses estão mais envolvidos agora", disse um deles.