'Deixará muitos em choque': vice-presidente dos EUA comenta possível acordo sobre Ucrânia

J. D. Vance afirmou que a ligação recente entre Putin e Trump pode levar a um acordo "que deixará muitas pessoas em choque", destacando a possibilidade de restaurar as relações russo-americanas caso um acordo seja alcançado.

O possível acordo de paz que encerraria o conflito ucraniano será um choque para muitos, opinou o vice-presidente dos EUA, James D. Vance, em uma entrevista ao Wall Street Journal na quinta-feira (13).

"Acho que isso levara a um acordo que deixará muitas pessoas em choque", comentou Vance a conversa telefônica do presidente norte-americano, Donald Trump, com o presidente russo, Vladimir Putin.

Ele acrescentou que era muito cedo para falar sobre as condições e garantias de segurança que os aliados ocidentais, incluindo os EUA, poderiam oferecer a Kiev.

"Há muitas formulações e configurações, mas estamos preocupados com a independência soberana da Ucrânia", disse.

Relações com Rússia

Vance garantiu que os EUA não descarta a possibilidade de introduzir novas sanções contra a Rússia, bem como de enviar tropas para a Ucrânia se Moscou se recusar a resolver a crise.

"Existem ferramentas econômicas de influência e, é claro, ferramentas militares de influência" que os EUA poderiam usar contra a Rússia, afirmou o vice-presidente.

No entanto, Vance também propôs restaurar as relações com Rússia após atingir um acordo bem-sucedido sobre a resolução do conflito ucraniano.

O político também criticou os países europeus por usarem "desinformação ou informação errônea para rejeitar pontos de vista dos quais discordavam".

Questão territorial

Vance também comentou o assunto territorial, relembrando a declaração do secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, de que era irreal para a Ucrânia voltar às fronteiras anteriores a 2014. Para ele, Trump poderia mudar de ideia dependendo do andamento das negociações.

"O presidente Trump poderia dizer, olha, nós não queremos isso, podemos não gostar disso, mas estamos dispostos a colocá-lo de volta na mesa se os russos não estiverem sendo bons parceiros de negociação, ou há coisas que são muito importantes para os ucranianos que talvez queiramos tirar da mesa", explicou.

Ligação dos líderes

Putin e Trump mantiveram uma conversa telefônica na quarta-feira (12), durante a qual discutiram a resolução da crise ucraniana, entre outras questões.

O presidente dos EUA descreveu a conversa como "altamente produtiva". "Discutimos a Ucrânia, o Oriente Médio, energia, inteligência artificial, o poder do dólar e outras questões", disse.

Na quinta-feira (13), Trump disse que representantes dos EUA, Rússia e Ucrânia se reunirão na Arábia Saudita na próxima semana, embora tenha acrescentado que nem ele nem o presidente russo, Vladimir Putin, estarão presentes na reunião.

Ele explicou que esses contatos entre os três países revelarão se uma solução para o conflito ucraniano é possível.

Moscou sempre esteve disposta a dialogar e já confirmou isso em várias ocasiões.