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Conferência de Munique começa em meio a 'choque' europeu por ligação entre Putin e Trump

Líderes mundiais debatem segurança global e desafios geopolíticos em meio a tensões causadas pela exclusão dos europeus das conversações, entre Rússia e EUA, para resolução do conflito ucraniano.
Conferência de Munique começa em meio a 'choque' europeu por ligação entre Putin e TrumpGettyimages.ru / Johannes Simon

A 61ª Conferência de Segurança de Munique, que vai até 16 de fevereiro, começa nesta sexta-feira, reunindo centenas de líderes de todo o mundo para debater os desafios da política de segurança.

O evento acontece em meio à perplexidade do Ocidente com a conversa telefônica entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Segundo o site do evento, o fórum ocorre em "um momento crucial de mudança": após a posse da nova administração dos EUA, às vésperas de um novo ciclo legislativo europeu em Bruxelas e a uma semana das eleições parlamentares na Alemanha.

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, abrirá a conferência em 14 de fevereiro e dará início ao programa principal, que abordará desafios de segurança global, incluindo governança internacional, resiliência democrática e segurança climática, entre outros temas.

No segundo dia do fórum, estão previstas discussões sobre o estado da ordem internacional, conflitos e crises regionais, além do futuro da OTAN.

No domingo, último dia do evento, a conferência será encerrada com debates sobre o papel da Europa no cenário global.

Ocidente "chocado"

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, comentou na quinta-feira a reação internacional ao telefonema entre Trump e Putin, dizendo-se surpreso com o fato de "o mundo inteiro ter ficado em estado de choque", como se a conversa fosse algo incomum.

Lavrov destacou que o governo do ex-presidente dos EUA, Joe Biden, e seus aliados europeus "abandonaram o diálogo, descartaram a diplomacia como meio de comunicação com o mundo exterior e passaram a adotar a linguagem das ameaças e sanções".

Já o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, criticou Trump, que afirmou não considerar prático ou provável que a Ucrânia se una à OTAN.

"É lamentável e, sinceramente, a verdade é que o governo Trump fez concessões públicas a Putin antes mesmo do início das negociações", disse Pistorius na quinta-feira.

A União Europeia e seus países membros emitiram um comunicado conjunto sobre o contato entre Washington e Moscou, exigindo a participação europeia nas negociações sobre o conflito para colocar Kiev "em uma posição de força".

O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, por sua vez, manifestou apoio cauteloso ao esforço de Trump para encerrar o conflito na Ucrânia. "Isso claramente passa a impressão de que foi um telefonema bem-sucedido para a paz na Ucrânia", disse Rutte, reforçando a necessidade de "garantir que a Ucrânia esteja em uma posição forte".

A mídia ocidental também repercutiu a reação europeia. O site Politico informou que diplomatas europeus ficaram atônitos com a conversa.

"Foi o momento que europeus e ucranianos temiam há meses, quiçá anos. [...] A rapidez e a magnitude do plano de paz de Donald Trump deixaram os aliados da Ucrânia em pânico", publicou o veículo.

Já a Bloomberg, citando fontes próximas ao assunto, informou que Trump não avisou as autoridades europeias com antecedência sobre sua ligação para o presidente russo.