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Conversa de Putin e Trump 'deixa Europa chocada'
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Diplomatas europeus foram pegos de surpresa pelo intenso avanço nas relações entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que conversaram por telefone na noite de quarta-feira (12), informou o site Politico.
Durante o telefonema, os dois líderes discutiram a resolução de conflitos no Oriente Médio, o programa nuclear do Irã e as relações econômicas bilaterais entre EUA e Rússia.
Aliados da Ucrânia "chocados"
"Foi o momento que os europeus e ucranianos estavam temendo há meses, se não anos. [...] A rapidez e a magnitude do plano de paz de Donald Trump deixaram os aliados da Ucrânia em pânico", escreveu o jornal.
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Segundo uma fonte da Bloomberg, Trump não avisou as autoridades europeias sobre a ligação com Putin. Interlocutores descreveram a conversa como uma "venda", temendo que Washington pudesse ceder às principais exigências de Moscou sem receber nada em troca.
O Kremlin informou que a conversa durou uma hora e meia e que os dois líderes concordaram que uma solução de longo prazo poderia ser alcançada por meio de negociações.
Nas redes sociais, Trump classificou a conversa como "altamente produtiva" e destacou que ambos mencionaram os pontos fortes de seus países e o "grande benefício" que um dia poderão obter ao trabalhar "juntos".
Futuro da Ucrânia e da OTAN
Os comentários do secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, sobre a Ucrânia, feitos durante a reunião no formato Ramstein, em Bruxelas, também surpreenderam autoridades europeias, informou o Politico.
O novo chefe do Pentágono admitiu que as tentativas de restaurar as fronteiras da Ucrânia pré-2014 são uma "meta irrealista". Segundo ele, "buscar esse objetivo ilusório" apenas prolongará o conflito armado.
Trump reforçou a declaração de Hegseth, afirmando que não considera prático ou provável que a Ucrânia ingresse na OTAN e que a recuperação dos territórios perdidos pelo país eslavo é improvável.
O chefe do regime de Kiev, Vladimir Zelensky, declarou ao The Economist que, caso seu país não consiga ingressar na aliança militar, isso "significa que a Ucrânia construirá a OTAN em seu território" e que está disposto a negociar.
Europa exigindo participação nas negociações
De acordo com o Politico, a postura da Casa Branca indica que, pelo menos com relação à União Europeia, as relações com os EUA "são tão ruins que praticamente não existem".
Após o telefonema entre Trump e Putin, a UE e seus estados-membros emitiram uma declaração conjunta exigindo participação nas negociações sobre o conflito ucraniano.
A Alta Representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, Kaja Kallas, também defendeu, em suas redes sociais, que "em qualquer negociação, a Europa deve desempenhar um papel central".